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terça-feira, 29 de abril de 2008

O Papel do Fisioterapeuta na Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba: uma análise a partir da percepção do próprio profissional.

Bom dia.

Estou disponibilizando aqui em meu blog um estudo que acabo de completar como monografia do meu curso de pós graduação em saúde pública. É um estudo destinado a fisioterapeutas com interesse em saúde pública, para gestores de saúde pública e para coordenadores de cursos de fisioterapia, cujo objetivo principal é levar ao conhecimento de todos sobre o trabalho desenvolvido por fisioterapeutas na prefeitura municipal de Curitiba.

Estou disponibilizando aqui no blog o projeto de pesquisa apenas, caso você tenha interesse pelo estudo acesse os seguintes links na web que você poderá então ter acesso ao estudo completo:

http://www.scribd.com/doc/2963968/FisioterapiaSMS-Curitiba
... ou .....
http://docs.google.com/View?docid=dg4djdp3_0fzrdhn38

Cópias e distribuição são livres e peço apenas que façam a devida citação e referência de onde encontrá-lo na web.

Meu contato:

fisio007007@hotmail.com (msn)
george.ft@uol.com.br (email)
http://www.orkut.com/Home.aspx?xid=15555357228183467652 (orkut)

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1. Titulo.

O Papel do Fisioterapeuta na Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba: uma análise a partir da percepção do próprio profissional.

2. Justificativa.

Em dezembro de 2001 a Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC), através de concurso público, lotou suas Unidades Básicas de Saúde (UBS) com aproximadamente 20 fisioterapeutas, para dar vazão a um serviço até então terceirizado por clínicas conveniadas. Esses profissionais assumiram seus postos de trabalho atendendo a uma demanda reprimida nas UBS, com triagens para encaminhamentos, atendimentos nas UBS, visitas domiciliares (VD) e participação em programas de saúde coletiva.

Passados cinco anos desde então torna-se necessário saber agora como esse profissional está inserido na atenção primária à saúde (APS) na PMC, seus progressos e necessidades de redimensionamentos.

Talvez já tenhamos dados suficientes para fazermos um levantamento estatístico (pesquisa quantitativa), mas a opção foi por um trabalho qualitativo, para saber com o próprio fisioterapeuta sua real condição de atuação.

Um trabalho desse porte envolve a totalidade dos fisioterapeutas atuantes na capital, atualmente 43 profissionais, dando a qualquer interessado, seja pessoa ou instituição, a real noção de como esse serviço evoluiu desde sua implantação e a perspectiva de como ele evoluirá no futuro. Trata-se de uma pesquisa de viabilidade técnica possível, pois a prefeitura possui um órgão (CES) que regulariza toda essa problemática de pesquisas, segundo contatos preliminares já realizados.

Sem dúvida, ficará a idéia de um modelo de atuação da fisioterapia pelas prefeituras no atendimento a atenção primária da saúde, preconizada pelo SUS.

3. Objetivos.

3.1 – Geral.

Avaliar o desempenho profissional do fisioterapeuta, na atenção primária, identificando as competências e as características de atuação, que possam servir de modelo para a instalação do serviço de fisioterapia em outras prefeituras;

3.1 – Específicos.

a) traçar um perfil profissional do fisioterapeuta que trabalha na atenção primária à saúde da Secretaria Municipal de Curitiba (SMS);

b) mapear a conduta profissional na atuação do fisioterapeuta junto à comunidade, identificando erros e acertos, na visão do próprio fisioterapeuta, que possam influir numa melhor qualidade de atendimento da população;

c) levantar as dificuldades enfrentadas pelo profissional na consolidação do serviço de fisioterapia junto à atenção primária.

4. Questionamento fundamental e hipóteses.


Como se trata de uma pesquisa quali-quantitativa, onde a preocupação maior é com a opinião do fisioterapeuta sobre o seu trabalho, não há uma pergunta fundamental. O que existe é uma necessidade de identificar condutas praticadas e, ainda, relacionar essas condutas entre si de modo a criar uma idéia do trabalho como um todo. O direcionamento da pesquisa será organizado e estabelecido durante sua evolução, mas, de certa forma, sendo norteado pelo questionamento: o fisioterapeuta da PMC está sendo aproveitado de uma maneira satisfatória na atenção primária à saúde nos serviços da PMC, segundo sua própria perspectiva?

Sim, ele está sendo bem aproveitado e seu serviço é de real valor (hipótese), pois passados quase cinco anos a prefeitura duplicou o número desses profissionais através de nova contratação, além disso, levantamentos preliminares informais indicam uma diminuição dos encaminhamentos para as clínicas conveniadas (com conseqüente economia financeira para a prefeitura); também, a participação em conselhos de saúde indicam uma maior satisfação por parte da comunidade.


5. Metodologia.


5.1- O tipo de pesquisa será quali-quantitativa pois, além da pequena quantidade de dados informativos colhidos num questionário fechado inicial (quantitativo), será feita também uma entrevista extensa com os sujeitos, no modo estruturado, que será a base do projeto (qualitativo), com técnica de análise de conteúdo durante a anásise dos dados.

5.2- A população envolvida na pesquisa será a totalidade dos fisioterapeutas (ft) lotados nos diversos equipamentos da SMS, quais sejam: 26 ft nos distritos sanitários (DS) da PMC, 3 ft na US Ouvidor Pardinho, 8 ft nas EMEE, 2 ft na SMS e 4 ft sob licença, somando 43 profissionais.

5.3- Será utilizado um formulário de identificação com dados pessoais e informações básicas sobre formação acadêmica para cada fisioterapeuta. Os dados brutos a serem levantados pela pesquisa serão baseados em uma entrevista individual tipo estruturada e bloco de anotações de campo para pequenas informações julgadas relevantes. A entrevista será gravada com o consentimento do entrevistado obrigatoriamente, mesmo as realizadas por telefone e com assinatura prévia do termo de consentimento.

5.4- Será feito um contato inicial com a coordenação da fisioterapia para verificar a possibilidade de horários e os contatos telefônicos/e-mail dos sujeitos da pesquisa. De posse desse material será feito o contato para agendamento de horário e local das entrevistas desse grupo inicial e assim sucessivamente com os grupos restantes. O local das entrevistas será preferencialmente o próprio DS onde trabalham ou, na sua impossibilidade, outro local previamente combinado pelas partes, inclusive, via telefone.

5.5- O roteiro para as entrevistas constará dos seguintes tópicos:

- área de atuação;
- satisfação pessoal;

- satisfação da comunidade (experiência pessoal do próprio profissional)

- apoio da prefeitura;

- autonomia profissional;

- dificuldades em qualquer esfera;

- projetos em vista;

- capacitação profissional;

- inter-profissionalidade.

5.6- O gravador de voz será usado preferencialmente, mas somente com o consentimento do entrevistado.


6. Análise dos Resultados (interpretação dos dados).


O método utilizado para a interpretação dos resultados será análise de conteúdo, onde serão analisados todos os dados transcritos de todas as entrevistas. As entrevistas gravadas serão transformadas em arquivos de áudio digital para que possam ser identificadas, organizadas e indexadas. As anotações em bloco serão digitalizadas e indexadas também para que possam ser confrontados com os respectivos arquivos de áudio, a fim de que se dê coerência ao conjunto de informações da pesquisa.
Feito isso, haverá uma análise criteriosa com o uso do computador para identificar e cruzar os dados e informações, de maneira que se traduzam em uma interpretação confiável dos resultados.

A fim de se conseguir o menor número de vieses e maior credibilidade, será realizada uma ratificação da análise por um outro fisioterapeuta.

7. Discussão e divulgação dos resultados (e resultados esperados).

A discussão do resultado visa identificar, no conjunto de informações da pesquisa, perfis de conduta do profissional, que indiquem com clareza:

a) o que o fisioterapeuta faz na SMS;

b) o que ele espera fazer na SMS;

c) como é o seu relacionamento em todas as esferas (população, outros profissionais e secretaria de saúde);

d) quais são suas dificuldades diárias no desempenho de sua profissão e

e) qual é o seu grau de satisfação.

Espera-se com isso fazer um perfil de atuação profissional do fisioterapeuta que atua na esfera da atenção primária à saúde da SMS da prefeitura de Curitiba. Os resultados obtidos serão apresentados como trabalho de conclusão do curso de Saúde Pública do IBPEX (ligado a FACINTER), podendo, inclusive, ser divulgado em revista da profissão ou banco de dados da internet, sob a forma de artigo.

8. Cronograma (planejamento, execução e divulgação).

Pesquisa do tema: Já feito

Leitura preliminar da literatura: já feito

Comitê de ética:

- obtenção da folha de rosto do SISNEP: 30/04/2007

- entrega do projeto no comitê de ética: 02/05/2007

- reunião do comitê de ética: 31/05/2007

Prefeitura Municipal de Saúde (SMS):

- entrega do projeto da SMS: 07/06/2007

- aprovação da SMS: 30/06/2007

Leitura detalhada da literatura: simultâneo ao comitê de ética (30/04/2007 a 30/06/2007)

Inicio do trabalho de campo: 25/06/2007

ETAPAS SEGUINTES:

DATA DE INICIO:

DURAÇÃO:

Entrevistas

25/06/2007

3 meses

Reunião do material coletado

01/10/2007

1 semana

Análise e discussão do resultado

08/10/2007

1 semana

Redação da pesquisa

15/10/2007

2 semanas

Revisão do trabalho

29/10/2007

5 dias

Entrega ao IBPEX

19/11/2007


Obs.: Os prazos com data correta seguem calendário de entrada do Comitê de Ética do IBPEX e da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba e poderão ser dilatados na mesma proporção em que forem sofrendo atrasos nas respectivas instituições.

9. Orçamento (recursos a serem utilizados e fonte patrocinadora).

O material necessário à pesquisa consta de material de escritório (lápis, canetas, blocos de anotações), gravador e fitas necessárias para a gravação das entrevistas; gastos com transporte (ônibus ou carro) para a realização das entrevistas; bloco de 500 fl de papel ofício para confecção das fichas de identificação e folhas de consentimentos; e um computador para análise dos dados e confecção dos resultados. Todo esse material implicará em um gasto pessoal do pesquisador, não sendo reembolsado por qualquer pessoa ou instituição.

10. Aspectos éticos e legais.

A pesquisa será suspensa:

1 - por determinação unilateral da PMC sob qualquer justificativa julgada conveniente pela mesma;

2 – por impossibilidade pessoal do pesquisador por circunstâncias excludentes a sua própria vontade, com aviso aos sujeitos da pesquisa;

O termo de consentimento será de acordo com o modelo fornecido pelo IBPEX, com assinatura obtida de forma voluntária previamente à entrevista de cada sujeito da pesquisa. No termo será explicitado ao sujeito como será a pesquisa, a entrevista e como será resguardado seu sigilo e saúde. É facultado a sujeito, concordar ou não com os termos, inclusive, participar ou não da entrevista.

Não haverá riscos para a saúde dos sujeitos, nem entrevistas com sujeitos de grupos vulneráveis, nem uso de medicamentos ou equipamento biológico, sendo assegurado o anonimato de todos os sujeitos bem como a garantia que não haverá detalhamento sobre informações trabalhistas ou que impliquem em qualquer tipo de constrangimento destes para com a SMS.

11. Referências.

1. Protocolo Fisioterapêutico da SMS da prefeitura de Curitiba.
2. Endereço de internet da PMC. http://www.curitiba.pr.gov.br/Secretaria.aspx?o=3
3. Endereço de internet do IBPEX. http://www.ibpex.com.br
4. Endereço de internet do SISNEP. http://portal.saude.gov.br/sisnep
5. Veras MMS. A inserção do fisioterapeuta na Estratégia Saúde da Família de Sobral-CE. Sobral, CE; 2002.


quarta-feira, 23 de abril de 2008

O Brasil nunca pertenceu aos índios.

"Por sua importância e oportunidade, apresentamos abaixo o artigo sobre os 500 anos do Descobrimento do Brasil, de autoria de Sandra Cavalcanti, ex-deputada e atual Secretária Municipal de Projetos Especiais do Rio de Janeiro, originalmente publicado no Jornal do Brasil em 21/abr/00.

O Brasil nunca pertenceu aos índios
Por Sandra Cavalcanti

Quem quiser se escandalizar, que se escandalize. Quero proclamar, do fundo da alma, que sinto muito orgulho de ser brasileira. Não posso aceitar a tese de que nada tenho a comemorar nestes quinhentos anos. Não agüento mais a impostura dessas suspeitíssimas ONGs estrangeiras, dessa ala atrasada da CNBB e dessas derrotadas lideranças nacional-socialistas que estão fazendo surgir no Brasil um inédito sentimento de preconceito racial.

Para começo de conversa, o mundo, naquela manhã de 22 de abril de 1500, era completamente outro. Quando a poderosa esquadra do almirante português ancorou naquele imenso território, encontrou silvícolas em plena idade da pedra lascada. Nenhum deles tinha noção de nação ou país. Não existia o Brasil.

Os atuais compêndios de história do Brasil informam, sem muita base, que a população indígena andava por volta de cinco milhões. No correr dos anos seguintes, segundo os documentos que foram conservados, foram identificadas mais de duzentos e cinqüenta tribos diferentes. Falando mais de 190 línguas diferentes. Não eram dialetos de uma mesma língua. Eram idiomas pró-prios, que impediam as tribos de se entenderem entre si. Portanto, Cabral não conquistou um país. Cabral não invadiu uma nação. Cabral apenas descobriu um pedaço novo do planeta Terra e, em nome do rei, dele tomou posse.

O vocabulário dos atuais compêndios não usa a palavra tribo. Eles adotam a denominação implantada por dezenas de ONGs que se espalham pela Ama-zônia, sustentadas misteriosamente por países europeus. Só se fala em nações indígenas.

Existe uma intenção solerte e venenosas por trás disso. Segundo alguns integrantes dessas ONGs, ligados à ONU, essas nações deveriam ter assento nas assembléias mundiais, de forma independente. Dá para entender, não? É o olho na nossa Amazônia. Se o Brasil aceitar a idéia de que, dentro dele, existem outras nações, lá se foi a nossa unidade.

Nos debates da Constituinte de 88, eles bem que tentaram, de forma ardilosa, fazer a troca das palavras. Mas ninguém estava dormindo de touca e a Carta Magna ficou com a palavra tribo. Nação, só a brasileira.

De repente, os festejos dos 500 anos do Descobrimento viraram um pedido de desculpas aos índios. Viraram um ato de guerra. Viraram a invasão de um país. Viraram a conquista de uma nação. Viraram a perda de uma grande civilização.

De repente, somos todos levados a ficar constrangidos. Coitadinhos dos índios! Que maldade! Que absurdo, esse negócio de sair pelos mares, descobrindo novas terras e novas gentes. Pela visão da CNBB, da CUT, do MST, dos nacional-socialistas e das ONGs européias, naquela tarde radiosa de abril teve início uma verdadeira catástrofe.

Um grupo de brancos teve a audácia de atravessar os mares e se instalar por aqui. Teve e audácia de acreditar que irradiava a fé cristã. Teve a audácia de querer ensinar a plantar e a colher. Teve a audácia de ensinar que não se deve fazer churrasco dos seus semelhantes. Teve a audácia de garantir a vida de aleijados e idosos. Teve a audácia de ensinar a cantar e a escrever.

Teve a audácia de pregar a paz e a bondade. Teve a audácia de evangelizar.

Mais tarde, vieram os negros. Depois, levas e levas de europeus e orien-tais. Graças a eles somos hoje uma nação grande, livre, alegre, aberta para o mundo, paraíso da mestiçagem. Ninguém, em nosso país pode sofrer discri-minação por motivo de raça ou credo.

Portanto, vamos parar com essa paranóia de discriminar em favor dos ín-dios. Para o Brasil, o índio é tão brasileiro quanto o negro, o mulato, o branco e o amarelo. Nas nossas veias correm todos esses sangues. Não somos uma nação indígena. Somo a nação brasileira.

Não sinto qualquer obrigação de pedir desculpas aos índios, nas festas do Descobrimento. Muitos índios hoje andam de avião, usam óculos, são donos de sesmarias, possuem estações de rádio e TV e até cobram pedágio para es-tradas que passam em suas magníficas reservas. De bigode e celular na mão, eles negociam madeira no exterior. Esses índios são cidadãos brasileiros, nem melhores nem piores. Uns são pobres. Outros são ricos. Todos têm, como nós, os mesmos direitos e deveres. Se começarem a querer ter mais direitos do que deveres, isso tem que acabar.

O Brasil é nosso. Não é dos índios. Nunca foi."

Perdendo o medo.

Ao longo de nossas vidas, vamos aprendemos a reconhecer o bem e o mal, o certo e o errado, o confortante e o angustiante, a própria lei nos indica também muitas coisas que podemos ou não fazer. Aprendemos a reconhecer essas diferenças de várias maneiras possíveis: quer seja através do ensinamento de nossos pais, da nossa escola, do nosso trabalho, das nossas experiências pessoais. Porém, determinadas ações têm seus limites um pouco mais imprecisos, principalmente aqueles que envolvem nossos sentimentos. Entra então em jogo um outro grupo de regras que são vulgarmente chamadas de ética. São regras que não estão escritas, mas que também ditam nossa conduta e nos permitem avançar até determinados pontos. Tomamos nossas decisões baseados então nesse conceito de ética que temos. Mas muitas pessoas contornam essa ética, com o véu da hipocrisia, por que muitas vezes o que é ético para uma pessoa não ético para outras, pois seus valores são diferentes. E isso nos permite viver num falso mundo onde temos que usar várias máscaras para poder lidar com várias situações diferentes. As pessoas que usam menos máscaras costumam ser menos hipócritas, pois seus valores costumam ser mais bem definidos. Isso causa espanto, e admiração, em muita gente, mas também causa muita dor, pois ninguém é suficientemente forte para viver a vida de forma verdadeira. De qualquer jeito, as máscaras que usamos, a ética que adotamos e a liberdade de sermos mais ou menos hipócritas, cria um barreira em torno da gente, e é uma barreira que vamos formando ao longo de nossas vidas, é uma barreira que protege a nós ou a nossos entes queridos, da ambigüidade de nossos próprios sentimentos.

Talvez jamais devêssemos tentar cruzar alguns desses limites de nossas vidas. Eles estão lá para nossa proteção, são barreiras naturais que nós próprios construímos para que não viéssemos a precisar lidar com nossa ética, ou com nossa hipocrisia. Ocorre que muitas vezes desejamos vencer alguns obstáculos e então nos deparamos com esses limites. Construímos um mundo a nossa volta, para nos proteger dos perigos e os maiores perigos, na verdade estão dentro de nós mesmos. O amor, o ódio, a amizade, a felicidade, e tantos outros sentimentos sob os quais vamos criando nossos alicerces. Nós fazemos um muro em volta de tudo isso, criamos regras fixas para que tudo funcione e dizemos para nós mesmos até onde podemos ir. E não devemos jamais ultrapassar esses muros.

Mas chega uma hora em que o insano que está dentro de você precisa se libertar, chega uma hora que você cansa de ser o certinho, de andar arrumado, de estar limpinho. Chega uma hora em que você quer pagar para ver. Você quer ultrapassar aqueles limites que você próprio estabeleceu ao longo de sua vida. E você sabe que o risco não vale a pena. O risco é tão grande, mas você percebe que a recompensa também o é. Alguma coisa dentro de você o impele contra esse muro. Alguma besta ou anjo negro te joga contra o muro, enquanto um anjo branco te nega a felicidade plena. E na balança você sofre entre a mentira da vida, a hipocrisia das ações e as verdades que precisam ser testadas, os pecados que precisam ser cometidos. É como comer a maça na árvore da verdade. Esses desafios ficam rondando a gente por aí, estão ao nosso lado nos testando o tempo todo, e um dia você será ameaçado por eles. Eles vão gritar bem alto dentro de seu ouvido: - É com você que estou falando, seu hipócrita: vai ficar aí parado ou vai tomar uma atitude!

E meu amigo, qualquer que seja sua atitude, ela irá mudar a sua vida. Você define suas ações e suas ações definem você. E qualquer que seja sua decisão ela irá lhe abrir uma janela de compreensão, que não mais se fechará. Você nunca vai estar preparado para tomar essa decisão, você nunca vai estar preparado para testar o limite de sua ética, da sua moral, ou para ver até onde você é um hipócrita, ou mesmo para testar o seu amor, que você jurou defender. A vida é assim, sempre te testando, tornando-o um fraco ou um forte. E a escolha é apenas sua.

O céu que me acompanha.

O vento batendo no rosto, o suor escorrendo na pele, uma brisa suave - coisas da corrida noturna. Como em quase todas as noites que a faço, sinto-me completamente revigorado, e também embriagado com a visão de milhares de estrelas contrastando com a negritude perfurante deste meu céu, mesmo sendo raro um céu assim às noite de Curitiba. Consigo identificar as principais constelações: a de Órion, por exemplo, o Guerreiro de Órion, que fora colocado no céu por Diana, entre lágrima, após ter acertado uma lança em sua cabeça, na tocaia armada por seu irmão, o Apolo - segundo a mitologia grega. Órion, anunciando o início de verões, de invernos, de plantações, aos meus olhos, está mais para uma borboleta do que para um guerreiro: as Três Marias: Alnitak, Alnilam e Mintaka, no centro, e cada uma das suas quatro companheiras em um dos quadrantes das asas da “minha borboleta”: Rigel, muito brilhante; Betelgeuse, a vermelhinha; Belatrix; Saiph. Prefiro o Órion como o novo nome de ônibus espacial. E ainda correndo, o que vejo é uma borboleta, estampada no meu céu!

E lá mais ao sul do céu, pouco abaixo do Cruzeiro, as duas: Alfa e Beta do Centauro: lembra do seriado de televisão chamado “Perdidos no Espaço”? pois é, antes de se “perderem” eles planejavam ir para lá, para a Alfa Centauro, pois afinal de contas ela é a estrela mais próxima: 4 aninhos-luz, é praticamente ali na esquina, como diria Steven Hawkings, o mago vivo. O resto deste meu céu lembra um “caminho de leite”, uma faixa muito extensa de estrelas cruzando a vasta escuridão de belezas infinitas.

Lembro-me a primeira vez que vi um céu completamente estrelado. Foi n´alguma noite, na praia do Quintão, no litoral do Rio Grande do Sul. Eu era um garoto ainda, 6 ou 7 anos de idade. Nessa época ainda não existia água encanada nem luz elétrica. A praia ficava completamente às escuras à noite. Então eu subia na caixa dágua do banheiro que ficava do lado de fora da casa e fitava, maravilhado, aquele céu pontilhado destas coisinhas lindas. Não conhecia nada de nadinha “lá em cima”, pois não é que nem hoje, onde ligo o computador e tiro as dúvidas sobre o céu sob minha cabeça instantaneamente: obrigado Estellarium. Essa minha paixão pelo céu já é antiga, mais antiga até que Quéops. Eu sempre quis muito saber o que existe lá fora.

Lembro também uma outra vez, que vi um céu completamente estrelado, mas isso eu nem quero falar muito: foi depois de “burro velho”, já sabia mapear bem o céu, com suas constelações e principais planetas, já conhecia as leis da física, mas desconhecia um pouco as leis da montanha, pois quando o grupo de resgate chegou para nos resgatar, lá pelas 3 horas da madruga, e no caminho de volta... meu Deus! quando olhei para cima, não reconhecia nada: completamente estrelado estava o céu, completamente afastado das luzes da cidade, e então me dei conta que estava perdido pela segunda vez naquela trilha, naquela noite. Onde estavam as estrelas que eu conhecia? Eram milhões.

Pelo céu acabei conhecendo o mar também, pois um é contínuo ao outro, pelo menos lá em Quintão era, ah... Quintão....e lá me aventurei no que hoje eu chamaria de amor: quanta safadeza eu já fizera naquelas praias, sob aquele luar do meu céu, com uma amiguinha, mas isso é outra história! Como era o nome da moça? Regina, Regiva, Regia, não lembro mais, mas lembro das emoções que sentia. Depois delas vieram outras, morenas de peitos fartos a me deliciar, outras de peitos tocos e pensamentos toscos: me levavam a viajar por um céu de estrelas, faziam-me gemer sem sentir dor, como diria o “Zé”. Aliás, vale um conselho para nossa vida: não se apaixone nunca por uma mulher inteligente para não perder sua razão, pois como diz a coleta Ângela da comunidade do Nietzsche: "Parece-me que determinados conhecimentos não podem ser alcançados quando estamos sob o jugo da razão", ou faça o contrario: vá com tudo meu amigo e seja louco: “louco e santo”.

Também sempre gostei dos temporais que ocorriam no mar e minha mãe sempre me chamava para dentro, mas eu corria para as dunas de areia, contíguas à praia, somente para olhar aquelas nuvens escuras se formando mar adentro, contrastando com aquele céu. A natureza nos fascina, ela nos chama para si. Talvez, por isso, aos quarenta e poucos anos eu ainda precise ficar a sós com ela, para recuperar a energia perdida na cidade.

Conheci tantas coisas nessa vida, vi tantos lugares, viajei muito sem gastar tanto, meus pensamentos sempre me levaram para “onde nenhum homem jamais esteve”, mergulhei fundo nos livros, nas estórias de cinema, na mente de meus amigos, da minha família. Sempre procurei tirar proveito dos pequenos detalhes das fotografias, das músicas, das frases, entre um ou outro cálice do sangue de Jesus.

Lembro também quando parti de minha cidade natal, para viver a vida. Minha família ficou para trás, algumas lágrimas também lá deixei. Voltei alguns anos mais, com uma outra família, e viramos uma grande família. Aprendi a criar filhos, a sofrer perdas na vida, aprendi a perder, mas preferi sempre ganhar – e ganhei algumas coisas. Aprendi a não desistir. E não desisti: acabei encontrando todos os meus sonhos de infância em minha vida adulta: a família, o amor, a vida, e o céu sob minha cabeça.

Por amor aos céus, quis aprender a voar e consegui: aos 18, eu sobrevoei Foz do Iguaçu, aos 30, sobrevoei Rio de Janeiro, aos 35, Recife, aos 40, São Paulo, Brasília, e aterrisei em Curitiba, sempre sobrevoei a vida, sempre estive mais perto dos astros, sempre quis alcançar alguma estrela. E como quem voa também cai... eu caí: mas sem me machucar, pois na beleza do vôo, e na prática das coisas belas, você acaba caindo com maestria, e aprendi isso com Fernão C. Gaivota. Caia, meu amigo, caia que uma rede aparecerá para você. Caia sem medo da vida, pois a vida é bela, mas não deixe de voar.

Voe para perto, voe para longe, caia, levante, aprenda, iluda-se, ame, viaje pela vida, sempre haverá um céu sob sua cabeça. Mas nunca deixei de viajar, uma mala na mão, uma idéia na cabeça, e o desafio no coração.

O homem que sente.

Arrogante, estúpido, agressivo, impulsivo, ... , esqueci alguma?
São qualidades do Homem, qualidade não muito nobres, qualidades necessárias para aquele provérbio: "não interessa se zebra ou leão, quando amanhecer o dia... é hora de correr!", lembra? Qualidades que o tornam apto a conquistar o mundo. E sob essa fortaleza se ergue o seu nome.

Mas, por debaixo dessa proteção, existe um ser desprotegido, existe uma pessoa que sente, que chora e que ama. Nós, homens, vamos formando essa "casca" desde pequenininhos em situações tais como: - homem não chora"; - faça xixi na rua mesmo, você é homem!; - Dezoito anos, vá para o quartel aprender a ser homem; ... e por aí vai. Mas lá no fundo, bem escondido em sua alma, existe alguém sensível, que não consegue se libertar, que não pode se libertar. Em raros momentos essa dualidade de sua personalidade se expõe e percebemos então aquele namorado fazendo juras de amor, ou aquele marido lavando a louça, ou aquele senhor deixando rolar algumas lágrimas em sua face por um filme de amor, mas rapidinho ele irá enxugar suas lágrimas, porque "homem não chora": pronto! ...ninguém notou, volte a assistir o filme!

É complicado ser homem. Esperam que você seja forte, que lute, que proteja! Esperam que você seja sensível. Mas não se cria um menino para ser sensível, pois ele vai ser "gay" quando crescer. E então, nós homens, vamos crescendo com essa dupla personalidade, com essa casca grossa, com essa arrogância de não precisar ter sentimentos, com essa necessidade de esconder a sensibilidade com uma máscara de ferro, amarrada com um grosso cadeado. E alguém, que conseguir chegar suficientemente perto desta máscara, muito perto dos olhos, onde não há qualquer proteção, e onde se pode ver pela janela da alma, verá então um coração atormentado, um coração preso. Verá o coração do verdadeiro homem: o homem que sente.

A grande arte e a dor.

"Ela é morena, toda tatuada, desequilibrada, frágil. E é um gênio atormentado. Voz incrivelmente forte, que remete às negras americanas, e a virtude não apenas de cantar como de compor.

Vejo na TV Amy Winehouse na entrega do Grammy. Ela foi impedida de ir para os Estados Unidos, onde o prêmio foi entregue. Não lhe deram o visto, pelo histórico de drogas e bebidas alcoólicas. De Londres, por satélite, participou da premiação.

Levou cinco prêmios, entre os quais o de melhor música, “Rehab”. They tried to make me go to rehab/I said no, no, no. Tentaram me internar numa clínica de reabilitação, e eu disse não, não, não.

Me contam que há na internet uma bolsa de apostas para ver quanto tempo Amy, a pequena grande Amy, tão autodestrutiva, vai durar.

De alguma forma, em sua angústia jovem tão pungente, ela me lembra Kurt Cobain. Aos 28 anos, ele se deu um tiro na boca, um método altamente eficiente para se matar. Hemingway fez o mesmo.

Sei lá. O tormento pessoal é a essência do gênio de Amy Winehouse. Se ela fosse feliz, provavelmente comporia canções tolas de amor. Silly love songs.

Proust escreveu que só nos períodos de devastação íntima fez grande arte. A grande arte é infeliz, atormentada, como se vê em Amy. A arte barata, como a dos pagodes, é festiva. Tenho uma biografia de Isadora Duncan, a bailarina, nas mãos. “Toda arte foi irrigada pelas lágrimas da dor”, disse Isadora. “Vocês tinham de tê-la visto”, é o que diziam de Isadora, para a posteridade, aqueles que a tinham visto.

"O grande artista é forjado na dor, e isso com certeza não é um fato agradável na vida pessoal"

A capa da última edição de ÉPOCA mostra o poder paradoxal da tristeza, sobretudo na arte. Eis uma discussão fascinante. O grande artista é forjado na dor, e isso com certeza não é um fato agradável na vida pessoal. Beethoven não seria Beethoven sem a tormenta interna. Lennon. Lennon jamais superou a morte da mãe, Julia, para a qual compôs várias músicas. Da melódica e nostálgica “Julia”, ainda na era Beatle, à dramática e pungente “Mother”, na fase individual. Lennon dizia tê-la perdido duas vezes. Uma quando ela, jovem desajustada, o entregou bebê à irmã mais velha, Mimi. Outra quando, ele adolescente, ela retornou a sua vida para logo depois ser atropelada e morta numa rua traiçoeira de Liverpool. My mummy is dead/I can’t understand. Minha mãe está morta, e não consigo entender, cantou Lennon numa outra canção (mais propriamente vinheta).

Amy. A delicada Amy. A talvez perdida Amy. Numa outra música que não “Rehab”, ela diz: Love is a losing game. O amor é um jogo de perda. Alguém discorda? Me pergunto aqui, em vão, o que vai ser dela, e eu gostaria apenas que de alguma forma ela fosse protegida da ânsia de se autodestruir, e que vivesse o bastante para mostrar aos filhos, aos netos quanto ela, tão diminuta ali diante dos homens grandes do coro em sua dança esplêndida, se agigantava no palco ao microfone. Mas para tanto Amy teria de ser mais alegre. E teria, mais ainda, de desmentir Isadora Duncan e sua tese consolidada pelos fatos de que só a dor produz a grande arte."

Texto de: FÁBIO HERNANDEZ (revista época online - 10?03/2008)

POR QUE O TERRORISTA NARCOTRAFICANTE URIBE ASSASSINOU RAÚL REYES?

(importado de http://georgekieling.zip.net , postado em: 3 de março de 2008)

Agora que os olhos do mundo se voltam para a América do Sul, imagino que devemos fazer uma profunda reflexão dos interesses que possam estar envolvidos, no caso recente da invasão ao Equador pela Colômbia. Não se trata apenas da morte de um negociador, ou da libertação de uma refém, além, claro, da invasão de um país por outro. Isso talvez seja apenas pano de fundo para assuntos de uma profundidade muito maior. Há interesses por todos os lados, tais com o de um presidente que quer mais um mandato, do narcotráfico que financia campanhas, de países que apoiam ou não certos presidentes, de uma refém que poderá ser uma real canditada oposicionista. Países vizinhos podem usar o incidente para ser armar, pois só estava faltando o pretexto, alguns líderes podem surgir como negociadores para valorizarem suas campanhas. venda de armas, soberania negligenciada, apoio externo. A lista de é longa.

Tantos são os interesses envolvidos, que chegamos a conclusão que a verdade não existe, e que a razão, se não forjada previamente, se perde entre tantas mentiras.


"Tudo o que sei é que nada sei".
Links para consultas:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u378117.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u378161.shtml

Segue um texto do jornalista Laerte Braga, postado no Café História (http://cafehistoria.ning.com)

"POR QUE O TERRORISTA NARCOTRAFICANTE URIBE ASSASSINOU RAÚL REYES?

Laerte Braga

Raúl Reyes era o principal negociador das FARCs com os governos da Venezuela e da França para a libertação de prisioneiros de guerra e a busca de um espaço para negociações de paz mais amplas na Colômbia. Por duas vezes a ex-senadora Ingrid Betancourt esteve para ser libertada.

Na primeira delas o governo do terrorista narcotraficante Álvaro Uribe armou emboscada para os guerrilheiros que, em missão de paz e acertada com o governo da Colômbia, estavam levando provas que a ex-senadora estava viva.

Os documentos, inclusive as cartas pessoais de Ingrid a sua família foram divulgadas por Uribe o que gerou protestos da mãe de Ingrid, de sua irmã e dos seus filhos.

Nobel de economia diz que custo de duas semanas de guerra no Iraque poderia acabar o analfabetismo no mundo ."Se soubessem que teriam que pagar uma conta de US$ 3 trilhões com um resultado incerto - talvez haja paz no Oriente Médio, mas talvez não - eles diriam: 'Será que não podemos pensar num modo melhor de fazer isso?'."http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/02/080225_stiglitzlivroiraque_ba.shtml

No momento que foi assassinado Reyes estava em território do Equador e negociava com o governo francês através do presidente Chávez e do presidente Corrêa a libertação de Betancourt. Uribe sabia, Uribe havia concordado como da vez anterior, Uribe traiu.

Pela segunda vez Uribe frustrou qualquer perspectiva nesse sentido pela simples razão que não lhe interessa a libertação de Ingrid Betancourt, sua adversária política.

O ataque terrorista colombiano foi feito oito quilômetros dentro do território equatoriano e o presidente Corrêa já protestou e chamou seu embaixador em Bogotá, afirmando inclusive que o telefonema de Uribe informando sobre ações militares na fronteira dos dois países foi “mentiroso e audacioso”. Uribe não falou que a força aérea terrorista da Colômbia estava atacando em território do Equador.


O presidente da Venezuela Hugo Chaves já advertiu o líder terrorista colombiano que caso operações semelhantes venham a ser feitas no território da Venezuela haverá guerra. Chávez é o principal negociador para a libertação de Betancourt, conta com apoio do governo francês e de vários outros países interessados em encontrar uma solução de paz para a guerra civil na Colômbia.


Mas allá de patético novelón mediático montado por Uribe, en Colombia, hoy mas de dieciocho millones (18’000.000) de niños y jóvenes colombianos mueren y son sometidos a tratos crueles, inhumanos y degradantes, obligados a un vida de miseria, llena de hambre, desnutrición y privaciones de todo tipo. Abatidos por la absurda guerra y el hambre física, miles de niños y niñas, son explotados laboralmente, empujados a la prostitución, a la mendicidad, a la drogadicción, al hurto, a deambular por las calles de las grandes capitales bajo la mirada indolente de un Estado y una clase poderosa minoritaria que ostenta y derrocha las riquezas infinitas del país mientras los niños mueren de hambre en las calles sin ningún tipo de protección y ayuda.

Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, deu entrevistas em Manágua e condenou a ação terrorista do governo de Uribe, afirmando, entre outras coisas, que “Reyes era um negociador e estava negociando a paz”.

Ingrid Betancourt é apenas um peão nesse jogo todo e não interessa a Uribe que a ex-senadora seja solta. Vai complicar o processo político na Colômbia e forçar o narcotraficante/terrorista (que quer mudar a constituição para mais um mandato, o terceiro) a aceitar negociações com as FARCs.

Governos europeus não alinhados com a política terrorista de Washington, Bush é o verdadeiro governante da Colômbia, mostram-se indignados com a ação terrorista da organização de Uribe. O presidente da França, que é aliado dos Estados Unidos, lamentou que as perspectivas de paz tenham sido interrompidas por essa ação insana e que violou o direito internacional (Uribe operou em território do Equador), eliminando perspectivas imediatas e concretas de paz.


O acampamento das FARCs no Equador tinha o objetivo de ampliar as negociações para a libertação de Ingrid Betancourt e outros prisioneiros de guerra, depois de várias manifestações das FARCs nessa direção, inclusive a libertação de vários presos de guerra nas últimas semanas, exemplo que vem sendo seguido pela outra força insurgente, o Exército de Libertação Nacional (ELN).

A hipótese de uma ação terrorista colombiana na Venezuela não está descartada e pode ser parte do golpe em constante articulação contra o governo do presidente Chávez.



É só lembrar que os Estados Unidos armaram com armas químicas e biológicas inclusive, o governo de Saddam Hussein para uma guerra contra o Irã e o chefe da Al Quaeda, Osama bin Laden para enfrentar as tropas da extinta União Soviética no Afeganistão.

Faz parte do conjunto de ações terroristas da Casa Branca esse tipo de prática. O discurso de democracia, direitos humanos, liberdade, etc, se esvai nos campos de concentração de Guantánamo, no Afeganistão (800 prisioneiros sem culpa formada), nos seqüestros praticados contra cidadãos árabes em países europeus (a CIA responde a processos na Itália e na Alemanha por ações dessa natureza) e na autorização expressa do terrorista George Bush de tortura contra presos que “ameacem os interesses dos Estados Unidos”.

A simples possibilidade de libertação de Ingrid Betancourt, pelo que passou a significar e a perspectiva de negociações de paz na Colômbia frustra o narcotráfico, no poder desde que Uribe foi eleito a primeira vez, contraria interesses norte-americanos, o maior deles derrubar Chávez e apropriar-se do petróleo da Venezuela e dispor de bases efetivas na Região Amazônica, outro grande objetivo da organização terrorista Casa Branca e dos grupos que representa.



O narco-terrorista Álvaro Uribe

Uribe é um preposto dos EUA, do narcotráfico, um terrorista sem entranhas e respeito pelo que quer que seja e assim como o governo nazista de Israel, não quer a paz, não lhe interessa a paz, não pretende a paz.

Em torno de todo esse discurso o que existe são “negócios”, apenas “negócios”.

As principais redes de televisão controladas pelos terroristas norte-americanos e colombianos já receberam instruções para dar destaque à morte de Reyes como sendo um golpe no “terrorismo das FARCs” e assim, jornais e revistas, a imensa e esmagadora maioria dos veículos de comunicação na América Latina, Ásia e África e boa parte da Europa e assim, ocultar a verdade dos fatos.

No caso específico do Brasil a REDE GLOBO no afã de aumentar os recursos recebidos dessas organizações terroristas (Casa Branca, Bogotá, etc) montou informes especiais para mentir e vender a idéia de democracia aos telespectadores que considera idiotas padrão Homer Simpson.


É a grande pasta do terrorismo mundial, a norte-americana. Bush não integra nenhum “corpo atuante” de uma arapuca, mas gosta de profissionais decorando com luzes natalinas e cristãs a Casa Branca.

Importa a versão, não a realidade.

Uribe assassinou Reyes para dificultar as negociações de paz e a libertação de Ingrid Betancourt, neste momento, símbolo do que pode vir a ser o futuro da Colômbia. Não é o que ele Uribe quer, nem Washington.


Mesmo caso do governo nazista de Israel em relação aos palestinos. Casa de palestinos destruída pelos terroristas de Israel no ataque à Faixa de Gaza, no justo momento que o Hammas propõe a paz e 64% da população de Israel diz que aceita. Ao terrorismo nazista do Estado israelense não interessa a paz, nem ao narcotráfico de Uribe. “São negócios” e são “parceiros” na barbárie. "

Perfeição.

(importado de http://georgekieling.zip.net , postado em: 17 de janeiro de 2008)

“Uma visão Darwinista da vida”

Texto retirado do livro:
O Rio Que Saía do Éden (Richard Dawkins, 1995)

"Todos os povos têm lendas épicas sobre seus antepassados tribais, e estas lendas muitas vezes tomam a forma de cultos religiosos. Os povos reverenciam e até veneram seus antepassados com toda a força que podem, pois são seus antepassados reais, e não deuses sobrenaturais, que detêm a chave da compreensão da vida. De todos os organismos que nascem, a maioria morre antes de atingir a maturidade. Da minoria que sobrevive e se reproduz, uma minoria ainda menor terá um descendente vivo daqui a mil anos. Esta diminuta minoria da minoria, esta elite de progenitores, é tudo o que as gerações futuras serão capazes de chamar de ancestrais. Os ancestrais são raros, mas os descendentes são comuns.

Todos os organismos que viveram – todo animal e planta, todas as bactérias e todos os fungos, toda coisa rastejante, (...) – podem olhar para seus ancestrais e afirmar orgulhosamente: nenhum de nossos ancestrais morreu na infância. Todos eles atingiram a idade adulta, e todos sem exceção foram capazes de encontrar pelo menos um parceiro heterossexual e copular com sucesso. Nenhum de nossos antepassados foi morto por um inimigo, ou por um vírus, ou por um passo mal dado na borda de um penhasco, antes de trazer pelo menos um rebento ao mundo. Milhares de contemporâneos de nossos ancestrais falharam em todos estes aspectos, mas nem um único e solitário antepassado nosso falhou em qualquer um deles. Estas afirmações são bastante obvias, ainda assim muita coisa pode ser deduzida a partir delas; muitas coisas curiosas e inesperadas, muitas coisas que explicam e muitas que espantam, (...).

Como os organismos herdam todos os seus genes de seus ancestrais, e não dos contemporâneos mal sucedidos de seus ancestrais, todos os organismos tendem a possuir genes bem sucedidos. Eles têm aquilo que é necessário para tornar-se ancestrais – e isto significa sobreviver e reproduzir-se. Esta é a razão pela qual os organismos tendem a herdar genes com uma propensão para construir uma máquina bem projetada – um corpo que trabalha ativamente como se estivesse se esforçando para tornar-se um antepassado. Esta é a razão por que as aves são tão boas no vôo, os peixes tão bons no nado, os macacos tão bons em trepar em árvores, os vírus tão bons em disseminar-se. Esta é a razão pela qual amamos a vida, amamos o sexo e amamos as crianças. É porque todos nós, sem uma única exceção, herdamos nossos genes de uma linhagem contínua de antepassados bem sucedidos. O mundo transforma-se em um lugar cheio de organismos que têm aquilo que é necessário para tornar-se ancestrais. Isto, em uma frase, é darwinismo."

Direitos do consumidor.

(importado de http://georgekieling.zip.net , postado em: 13 de janeiro de 2008)

Já que os blogs da internet também deveriam fazer um serviço de utilidade pública, deixo aqui minha contribuição:

Introdução retirada da URL: http://www.kiesler.at/thread529.html

"Como cientistas e cidadãos preocupados, aplaudimos a recente tendência da legislação em direção aos proeminentes avisos em produtos que apresentem riscos para população em geral. Ainda mais, devemos oferecer uma reflexão para precaução que tais avisos, embora bem intencionados, meramente são a ponta do iceberg do que realmente é importante nesta área. Isto é especialmente importante nos achados da física do século XX.

Portanto, nós estamos propondo que, como cientistas responsáveis, juntemo-nos num esforço único para que novas leis obriguem a colocação evidente de avisos informativos adequados nas embalagens de todo produto oferecido a venda (...). Segue abaixo uma lista sugerida:

ADVERTÊNCIA: Este produto distorce o espaço e o tempo em sua vizinhança.

ADVERTÊNCIA: Este produto atrai todo e qualquer outro objeto material no
Universo, incluindo os produtos de outros fabricantes, com uma força
proporcional ao produto das massas e inversamente proporcional ao
quadrado da distância entre eles.

CUIDADO: A massa deste produto contém energia equivalente a 22 milhões de
toneladas de TNT por kilograma de sua massa.

MANUSEIE COM EXTREMO CUIDADO: Este produto contém diminutas partículas
eletricamente carregadas, movendo-se a velocidades de centenas de
milhares de quilômetros por segundo.

AVISO AO CONSUMIDOR: Por causa do "Princípio da Incerteza", é impossível
ao Consumidor saber simultaneamente, com precisão, onde este produto está e
quão rápido ele está se movendo. (Nota: esta advertência é opcional, uma vez
que Heisemberg nunca teve certeza se seu princípio estava correto)

ALERTA: Há uma chance muito pequena, mas não nula, de que este produto
desapareça espontaneamente de sua presente localização, através de um efeito
conhecido como "Tunelamento", e reapareça em qualquer posição aleatória do
Universo, incluindo a residência do seu vizinho. O Fabricante não se
responsabiliza por danos ou inconveniências que possam decorrer de tal efeito.

LEIA ANTES DE ABRIR A EMBALAGEM: De acordo com certas versões da Teoria da
Grande Unificação, as partículas primordiais que constituem este produto podem
decair para o Nada dentro dos próximos quatro bilhões de anos.

PRODUTO 100% MATERIAL: Na improvável circunstância de este ítem conter
qualquer forma de Antimatéria, uma catastrófica explosão ocorrerá.

AVISO AO PÚBLICO EXIGIDO POR LEI: Todo e qualquer uso deste produto, seja
qual for a forma de utilização, irá causar um aumento de desordem no Universo.
Embora nenhuma penalidade esteja prevista, o usuário deve estar ciente que
este processo acabará por acarretar a morte térmica do Universo.

NOTA: As partículas fundamentais que compõem este produto são mantidas
inteiras por meio de uma força de coesão sobre a qual pouco se conhece
atualmente, e portanto seu poder adesivo não pode ser garantido indefinidamente.

ATENÇÃO: A despeito de qualquer outra listagem constante no rótulo, o
consumidor deve estar ciente que este produto é constituído de 99,9999999999%
espaço vazio.

AVISO SOBRE NOVAS TEORIAS UNIFICADAS: O Fabricante, tecnicamente, tem o
direito de alegar que este produto ocupa um espaço de dez dimensões.
No entanto, o consumidor deve ter em mente que tal não confere direitos legais
além dos aplicáveis a objetos tridimensionais, uma vez que as sete dimensões
adicionais encontram-se "enroladas" em uma "área" tão pequena que não pode
ser detectada.

OBSERVAÇÃO: Algumas teorias de Física quântica sugerem que, quando o
consumidor não estiver observando diretamente este produto, ele pode cessar
de existir, ou existir apenas em um estado vago e indeterminado.

EQUIVALÊNCIA DE COMPONENTES: As Partículas Subatômicas (Eletrons, Protons,
etc.) que compoem este produto são exatamente as mesmas, em cada aspecto
mensurável, a aquelas usadas nos produtos de outros fabricantes.
Nenhuma alegação em contrário pode ser legitimamente expressa ou implicada.

O MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE: Cuidados devem ser tomados ao se erguer este
produto, pois sua massa, e em consequência seu peso, depende da velocidade
relativa ao usuário.

AVISO IMPORTANTE AOS CONSUMIDORES: O Universo Físico inteiro, incluindo este
produto, pode algum dia colapsar em um espaço infinitesimalmente pequeno.
Caso outro Universo reapareça em seguida, a existência deste produto em tal
Universo não é garantida.

(Fonte: Journal of Irreproducible Results, Volume 36, Numero 1
Copyright 1991 Blackwell Scientific Publications Inc.)

Tradução Tabajara: RH"

O complexo de Deus.

(importado de http://georgekieling.zip.net , postado em: 21 de outubro de 2007)

O texto abaixo é bastante técnico e para seu completo entendimento sugiro algumas leituras adicionais. Mesmo sendo técnico, ao publicar o texto, eu o aborto em seus termos mais genéricos, principalmente por que não sou detentor deste conhecimento. Então muita coisa fica sem explicação, mesmo assim, é necessário essa abordagem inicial antes de levantar os questionamentos filosóficos a respeito de tal assunto. Aliás, todos os temas tratados aqui no blog tem essa característica, são técnicos para pessoas leigas, mas superficiais para um profissional. São temas destinado a um público em especial. Afinal, o blog chama-se "entrelinhas do saber" e não "abobrinhas do saber".

Espero que apreciem...

O Complexo de Deus.

É possível o homem criar artificialmente um ser vivo?
Alguns pesquisadores acham que sim.

Cientistas na área da biologia, engenharia, química e outras ciências afins, trabalhando em poderosos laboratórios e financiados por grandes empresas, universidades ou mesmo governos estão cada vez mais perto de criar a vida artificialmente. O assunto é muito técnico, complexo e difícil de entender, mas não faltam informações na rede mundial de computadores para explicar tal complexidade.
Desde que a molécula de DNA (ácido desoxirribonucléico) foi descoberta as pesquisas não pararam mais de crescer para tentar decifrar o funcionamento desta estrutura de 3 bilhões de pares de moléculas de nucleotídeos distribuídos em 23 cromossomos diferentes. Sabe-se que essa molécula guarda, com todos os detalhes, informações completas de como montar um ser vivo integral, é um mecanismo criado pela natureza para auto-duplicação da célula. Surgiu então a necessidade de se mapear essa molécula. E os estudos começaram: bactérias, vírus, pequenos animais e o homem. A técnica hoje já está bem avançada e temos inclusive o desenvolvimento do Projeto Genoma Pessoal onde algumas pessoas colocam suas informações genômicas em domínio público. Paralelo a isso começaram as experiências com a clonagem, que em termos bem simples implica na transferência do núcleo da célula somática de um doador adulto para um óvulo sem núcleo, se o óvulo começar a se dividir normalmente ele será então transferido para o útero da mãe receptora. A partir daí a célula começará a se reproduzir com as informações genéticas do seu doador. Para exemplificar, tivemos um caso muito famoso, o caso da ovelha Dolly, e então vários outros animais se seguiram e logo se pensou no homem. A especulação foi muito grande em torno desse novo projeto e muitos pesquisadores e laboratórios anunciavam avanços neste sentido. Mas esbarramos no problema ético e em alguns problemas técnicos ainda hoje sem solução, como no caso da Dolly que precisou de 277 tentativas e quando nasceu já era velha (telômero mais curto). Claro, sempre teremos aqueles pesquisadores que não ligam para a ética: estão nem aí: “- ...se eu não fizer, outro o fará, então, que seja eu!”, é o que poderiam ter tido. Vejam até que ponto vai a inteligência humana, e dizem ainda que só o brasileiro tem o tal “jeitinho”: “...se meu país me proibir de fazer a clonagem humana eu irei fazê-la em águas internacionais.” Claro, algum país iria se habilitar a receber tal fulano, e um dos casos mais famosos foi o do ginecologista italiano Severino Antinori. O fato é que ainda isso não foi possível, pelo menos nos meios legais e pelas informações que chegam até nós. Com relação à questão ética tivemos ainda um grande pesquisador na área de células-tronco, acusado de forjar suas experiências. Woo-Suk Hawang, pesquisador em laboratório de genética e professor na Universidade Nacional de Seul, forjou resultados em estudos que afirmava ter clonado células-tronco embrionárias a partir de material genético de pessoas doentes. Nenhuma das células produzidas tinham os genes dos pacientes em questão. E ele era considerado autoridade nesse tipo de pesquisa até então.

Vale aqui uma pequena observação. Quem deveria ler uma pesquisa de um cientista deveria ser apenas um outro cientista, pois cientistas como o citado acima são iguais a políticos, falam o que você gostaria de ouvir, ou melhor, o resultado da pesquisa dele pode ir de encontro a sua hipótese e essa hipótese estar atrelada ao interesse da industria, ou a ele próprio, como nos casos onde os cientistas criam sua própria industria, cito aqui o controverso cientista e dono de empresa genética, Craig Venter.

O próximo passo então seria tentar "mexer" nessa molécula. Vieram então os cortes em pequenos trechos de DNA de alguns microorganismos para implantá-los em outros seres vivos e ver o que aconteceria. Sabe aquela história de colocar eletrodos em várias partes de um cérebro (encéfalo) e ver qual a reação nos organismos? É mais ou menos isso com o DNA. Talvez seja esse o único mecanismo para descobrir o que ainda não sabemos, tanto do cérebro, como do DNA da célula. Surgiu daí os transgênicos, que é um motivo de briga acirrada por patentes. Com esse tipo de pesquisa logo surgiu a necessidade de criarmos máquinas para reproduzir automatica e sistematicamente determinadas cadeias de aminoácidos. Lembro aqui, e fazendo uma pequena analogia, que o primeiro componente eletrônico a amplificar um sinal eletrônico foi a válvula e logo depois surgiu o transistor (semicondutor). Os equipamentos diminuíram com a chegada do transistor, mas a grande revolução ocorreu mesmo foi com a chegada do CI (circuito integrado) e isso se deu porque se usou uma técnica automatizada e sistematizada de incluir vários transistores dentro de uma única pastilha de silício, e isso feito completamente por máquinas, e cada vez mais transistores foram colocados dentro da mesma pastilha. Isso foi um marco e uma revolução na eletrônica e com ela veio a miniaturalização dos equipamentos eletrônicos que persiste até hoje. Não chegamos a este ponto ainda na genética, mas falta pouco. Falta criar um mecanismo eficiente para criar seqüências de aminoácidos e com isso avançar para uma nova etapa que seria a criação de um DNA artificial, já em estudo. As possibilidades dentro da genética são enormes, principalmente quando aliadas com a nanotecnologia, a física, a eletrônica, e a química.
Hoje estamos desenvolvendo tecnologia para clonar órgãos, criar seres vivos com outras funções (com mudanças na seqüência de DNA), estamos pesquisando as células-tronco, sequenciamento de DNA de seres vivos, incluindo aí os seres humanos, temos pesquisas com transgênicos, logo estaremos pesquisando com eficiênica a clonagem humana, e não tem como evitar esse assunto e, muito em breve, estaremos pesquisando o DNA totalmente artificial criado em laboratório e com isso, o primeiro ser vivo totalmente artificial.

Antes de entrar com a 2ª parte do texto, "colo" aqui um clipe que fiz há algum tempo para ilustrar este texto, o clipe acabou saindo bem antes do texto, porque eu me empolguei com o clipe ...re...re...re



São maravilhas da tecnologia que avançam pelo nosso mundinho, esbarrando nos nossos preconceitos, na nossa ética, na nossa religião. Isso deixa muito pesquisador esnobe, arrogante e detentor de um dom equiparável ao do Criador.

Eu, particularmente, acho que a vida é muito complexa para ser criada do nada. Foram milhões de anos para que toda a massa e energia do universo se organizasse e formasse um ambiente onde pudesse se estabelecer a vida. E agora que o homem começa a pensar sobre de que ele é feito e começa a mexer em sua estrutura genética, não poderá achar que isso é criar vida. O que mais parece é um quebra-cabeças onde você tira uma peça de um lugar para colocar em outro lugar e fica um buraco. Será que o homem está criando a vida ou está destruindo a vida. A vida está aí, abundante por todo o planeta, se relacionando entre si e com o meio aonde vive e mais, evoluindo constantemente sem parar. Quando um cientista anunciar que já pode criar o primeiro DNA artificial, na verdade, ele estará anunciando o auge de um trabalho estabelecido há muito tempo, por toda uma série de pesquisadores que o antecederam, ele estará entrando na situação da GOTA DÁGUA, ou seja, existe toda uma estrutura por trás de uma descoberta científica, existem pesquisas anteriores que serviram de base para aquela descoberta, existem inovações tecnológicas que impuseram uma melhor qualidade na pesquisa, existem incentivos desde financeiros até aos ideológicos que impulsionaram a pesquisa e existe também toda uma equipe dando idéias. Criar um ser vivo é ser Deus? ou é apenas mais um degrau que subimos no entendimento de como funciona o universo e de como nos relacionamos com ele. Todos nós, de alguma forma estamos enchendo o balde aos pouquinhos, cada um com uma pequena caneca, mas alguém irá colocar a última caneca: aquela que irá fazer o balde transbordar: é a “gota d´agua”.

Milhões de anos foram necessários para a evolução de uma bactéria para que ela se relacionasse com todas as espécies que estão a sua volta. Então, vem um cientista e cria uma conjunto novo de seqüências de DNA para aquela bactéria, que ele certamente vai dizer que é uma nova vida criada por ele, onde essa nova vida, não saberá como se relacionar com o que está a sua volta, ou seja, com as milhares de possibilidades. Ele não parece ter criado, mas sim ter modificado uma já existente que vai interagir com o habitat a sua volta o qual não foi modificado: modifica a vida, mas não modifica o habitat nem as milhares de relações criadas ao longo de milhares de anos. Ora bolas...dane-se tudo isso. Ele criou algo e é famoso. Isso é que importa. É isso que importa? Só saberemos daqui a alguns anos como essa nova espécie interagirá com seu novo meio. Talvez essa nova vida se adapte ao meio, talvez essa vida não sobreviva ao meio, ou pior para nós, talvez ela destrua o meio a sua volta.

E quanto ao patenteamento desta nova vida? Ele cria uma bactéria com uma nova seqüência de DNA que será responsável por uma determinada função na natureza. Logo, ele vai querer ser o dono deste novo ser: vai querer ser o seu Deus. Vai querer patentear aquele ser vivo. Pronto: é um DEUS! Ao meu ver, uma das maneiras de lidarmos com esse complexo e com toda a questão ética envolvendo essa situação é atribuirmos responsabilidade. “O direito de saber implica no dever de fazer” ou “grandes poderes implicam em grandes responsabilidades”. Eu acho que o cientista deveria ser dono da técnica que levou a criação de tal ser, e isso por um período de tempo, pois não devemos esquecer que aquela descoberta é fruto de todo um trabalho que o antecedeu, mas se ele, além disso, quiser ser dono de tal ser vivo ele deverá ser responsabilizado pelos estragos que esse novo ser vivo vier a causar na sociedade ou no planeta. Ananda M. Chakrabarty, em 1972, pediu uma patente por uma linhagem única de bactéria Pseudomonas, que poderia fazer diminuir manchas de óleo no mar de uma maneira mais eficiente do que outros especialistas com outras técnicas usadas neste tipo de desastre. Não conseguiu a patente, talvez hoje em dia ele conseguisse, pois muitas empresas detém patentes semelhantes. Ele seria o criador daquele ser vivo, o seu Deus particular. Mas e se a bactéria se multiplicasse muito, migrasse para outro habitat e consumisse todo o petróleo do mundo. O “dono” dessa vida seria responsabilizado?. Isso me lembra a história de donos de Pit-bull que ferem crianças. E se num futuro não muito distante ele quiser criar seres mais evoluídos que bactérias, animais domésticos ou mesmo um ser humano, por exemplo? Ele será dono deste ser humano? Será ele um Deus?

Loucos e santos.

(importado de http://georgekieling.zip.net , postado em: 4 de setembro de 2007)




hostdrjack.com



Loucos e Santos!
Oscar Wilde

"Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril."

República de bananas.

O texto logo abaixo é eminentemente político. Se você não gosta ou não tem acompanhado a evolução política do país nos últimos meses....passe batido !!



Era uma fruteira tão segura, tão bonita, bem ornamentada. Jamais alguém poderia imaginar que aquela banana iria cair da mesa. Mas caiu. Despencou. Espatifou-se no chão. E foram-se embora todos aqueles nutrientes, alguns bem conhecidos: cálcio, potássio, outros, nem tanto: ác. fólico. Todos iriam fazer parte do cardápio altamente nutritivo de algum ser vivo.
A comoção foi geral e a maçã, a laranja, o pêssego e até as uvas queriam saber por que aquela banana caiu da mesa. Sua consistência era bem firme, embora a vigilância sanitária tivesse vacilado algumas vezes em suas inspeções periódicas, fato esse notado pela casca solta em um dos lados daquela banana.
O bananão chefe, desta vez, aguardou um pouco antes de vir a público falar sobre as providências tomadas, talvez pelo fato de que até agora ninguém ainda ter esquecido o episódio da outra banana que se chocou com um abacaxi, e muitas dúvidas que ainda pairavam no ar, literalmente falando, sobre as providências e sobre as apurações da época, que até hoje não desceram pela garganta. Tal qual o episódio anterior, tudo agora apontava para uma “convergência de fatores” tais como a mesa escorregadia, sucos derramados na toalha, diversos tipos de frutas fazendo parte de uma mesma mesa sem poder identificar a qual doce específico fazia parte, ou então bananas para todos, tanto para quem tem diarréia quanto para quem tem prisão de ventre, e ainda um possível motim dos cozinheiros que cuidam do controle da quantidade de bananas sobre as mesas. Acho que ao final chegaríamos a uma outra bananada.
As principais frutas da mesa se reuniram então. Eram todas bananas muito maduras e com vários podres camuflados em forma de laranjas, digo, em forma de cascas de laranjas. Mas todas com um ar muito respeitoso de bananas “for export”. Elas queriam saber por que aquela banana despencou da mesa. Trataram logo de montar uma comissão bananal de investigação, uma outra agora. Isso era necessário, pois em outras casas as bananas amadurecem a cada quatro anos, mas nesta uma, o amadurecimento está constantemente ocorrendo. Mesmo que estas bananas não venham a compor um cardápio rico em nutrientes para a população elas precisam estar sempre enfeitando a mesa em forma de banana split.
A comissão bananal chamou logo a banana responsável pela investigação do controle de movimentação de bananas que não apontou coisa alguma, pois dividia a tarefa de controlar bananas amarelas e bananas verdes, sendo que as verdes estavam amadurecendo muito depressa e isso estava se tornando um problema. Chamou também uma banana responsável pelo controle de todas as bananas que apodrecem nas mesas. Esta última foi chamada, inclusive, várias vezes, e que teve como conseqüência uma pequena declaração sua: “...-não me chamem novamente aqui! Deixem-me cumprir meu papel em outro cardápio. Eu não quero ser banana split!”.
Logo veio o bananão chefe e trocou o comando das principais frutas da mesa, pois percebeu que apenas a conversa não resolveria nada (isso até funcionava bem no sindicato das bananas) e que agora era preciso “competência”, ou seja, uma pequena luz aparecia no fundo da geladeira: não adiantava em nada uma maçã tomar conta de uma bandeja de bananas ou um pêssego ficar responsável pelas maçãs.
Entrou então em cena um novo bananão para pôr ordem na mesa. Com esse agora era assim: “Não interessa a cor da banana: se ela é verde ou se ela é amarela. O que interessa é que ela alimente o macaco!”.



Tudo isso maculou a imagem da casa, que já foi responsável por ter as melhores bananas da cidade. Hoje as bananas apodrecem ou deslizam em poças de suco sobre a mesa e caem, e essa desconfiança no mercado das bananas faz com que nossas bananas caturras e pratas sejam rebaixadas à condição de bananas nanicas, como quer a organização civil internacional de bananas, principalmente depois que vieram à tona as informações genéticas extraídas da semente amarela da banana que estava sob investigação.
Com essa comissão muitas informações vieram a publico, muito glamour, muita tragédia e o assunto estendeu-se por muito ainda, mas tal qual o caso anterior, da banana que bateu em um abacaxi, não chegou-se a um consenso, de como uma banana foi escorregar pela mesa e cair no chão, levando embora uma série de nutrientes tão importantes.. E também isso não importa muito, logo, todos vão esquecer e a comissão bananal vai se formar novamente e vai mostrar seu real valor, vai estar na mídia, vai chamar novamente a atenção para os problemas da mesa e então, mais uma vez, vai saindo de fininho para tentar esclarecer outro “causo”, pois afinal, a mesa vive de “causos”.
Tem horas em que frutas, cereais, verduras e demais alimentos se questionam sobre o real papel dessas bananas maduras em gerenciar o cardápio de toda uma população. Elas não se mostram eficientes em seu trabalho e se preocupam mais em ficar no sempre no centro da banana split. Onde está o novo cardápio que essas comissões deveriam criar baseado em suas investigações acerca de bananas que constantemente apodrecem em diversas mesas de diversos lares?

O clipe abaixo foi criado especialmente para que possamos refletir um pouco sobre este texto acima. Tem quase 5 min e um final com uma pequena mensagem. Espero que apreciem.

Malleus Maleficarum.

O Homem é diferente da Mulher?

Provavelmente todos saberão apontar muitas diferenças. Homens são isso, mulheres são aquilo; homem é mais... , já mulher... nem tanto; homem foi concebido para ... e mulher para ... . É verdade. Tudo são verdades. Mas então por que parece existir um gigantesco muro entre os sexos? Por que as diferenças sociais são verdadeiros abismos e por que a mulher pensa diferente do homem?

Rose Marie Muraro é uma escritora que nos anos 70 teve uma participação notável no movimento feminista e aos 66 anos de idade viu seu rosto pela primeira vez, após uma cirurgia para recuperar a visão residual de cinco por cento em apenas um dos olhos. Seus livros, frutos de uma grande sensibilidade, refletem valores sociais e valores feministas. Rose é responsável por uma “Breve Introdução Histórica”, que é a abertura, em português, do livro “O martelo das Feiticeiras”. Nessa introdução ela aborda, com muita sabedoria, uma evolução social sistemática da humanidade focando as transformações ocorridas no universo feminino desde épocas remotas.
É notável perceber, segundo Rose, que a mulher sempre ocupou um lugar central em nossa civilização, devido a sua condição de poder dar a vida. Sempre ligada à emoção, à sexualidade e à fertilidade ela sempre foi considerada “sagrada”.
Nas sociedades muito antigas, onde predominava à caça a pequenos animais, ela era figura central predominante até hoje em algumas tribos. Mas, com o passar dos tempos, houve uma evolução das sociedades e o ser humano passou para a caça aos grandes animais, onde o imperativo era a força. A sociedade então passou por profundas e gradativas mudanças onde o homem foi se posicionando superiormente em relação a mulher. Vieram os grandes impérios, e seus grandes líderes.
Com a chegada do Cristianismo a mulher é reconhecida na posição de mulher-mãe e não então a mulher-fêmea, que tem emoções e que pensa. Muitos acontecimentos vão então diminuindo o status de mulher com sendo um ser sagrado e essa situação atinge o auge na idade média, com o aparecer da inquisição. Nesse período, muitas mulheres são caçadas, usurpadas em seus direitos e seus bens materiais, com verdadeira revolta e ódio.






Malleus Maleficarum passa a ser a bíblia, não reconhecida oficialmente pela igreja católica, dos inquisidores. Este livro, escrito em 1484 por dois inquisidores, Kramer e Sprenger, contém instruções de como reconhecer bruxas e como enquadrá-las legalmente, num ritual quase macabro, que culminaria inegavelmente em suas mortes. Foi um período triste de nossa história, onde muitas mulheres foram caçadas, torturadas e sentenciadas à morte, pelo simples fato de serem mulheres. Elas foram legadas a um segundo plano na nossa sociedade, sem a grandeza, sem a pureza e sem a sacralidade que sempre fora detentora – sem “brilho”. E sob esse manto, com essa nova mulher, vem a surgir o renascimento, a era humanista e social, o período de industrialização e a atual era democrática.
Recentemente, com a liberação sexual, a mulher retoma o controle de seu corpo, com toda a fragilidade imposta pela idade média. Mas encontra um mundo dominado por homens, com tecnologias, conquistas, guerras. Qual papel reserva o mundo para essa nova mulher? Continuará sendo dominada pelo homem como um objeto? Assumirá um lugar na sociedade masculina competindo por direitos e se curvando a regras masculinas? Ou se voltará para sua condição natural de equilíbrio com o mundo: um ser capaz de dar a luz.
Não sei, somente o tempo dirá...

Boa sorte nova mulher e nos desculpe pelos transtornos da idade média.

Cuidado com os burros motivados.

(importado de http://georgekieling.zip.net , postado em: 9 de junho de 2007)

Numa postagem minha de 22mai2007 (Pequenas Coisas) eu trouxe uma história de um texto que me enviaram. O texto me foi enviado novamente em forma de apresentação. Na verdade, trata-se de uma entrevista do jornalista Camilo Vannuchi (revista Isto É) ao médico psiquiatra Roberto Shinyashiki. É para refletir...

Revista isto é
Heróis de verdade - Roberto Shinyashiki

"Observador contumaz das manias humanas, Roberto Shinyashiki está cansado dos jogos de aparência que tomaram conta das corporações e das famílias.

Nas entrevistas de emprego, por exemplo, os candidatos repetem o que imaginam o que deve ser dito. Num teatro constante, são todos felizes, motivados, corretos, embora muitas vezes pequem na competência. Dizem-se perfeccionistas: ninguém comete falhas, ninguém erra. Como Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa) em Poema em linha reta, o psiquiatra não compartilha da síndrome de super-heróis. "Nunca conheci quem tivesse levado porrada na vida (...) Toda a gente que eu conheço e que fala comigo nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, nunca foi senão príncipe", dizem os versos que o inspiraram a escrever "Heróis de Verdade" (Editora Gente, 168 págs., R$ 25). Farto de semideuses, Roberto Shinyashiki faz soar seu alerta por uma mudança de atitude. "O mundo precisa de pessoas mais simples e verdadeiras".

ISTOÉ -- Quem são os heróis de verdade?

Roberto Shinyashiki -- Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe. O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura. Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes. Essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe. O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.

ISTOÉ -- O Sr. citaria exemplos?

Shinyashiki -- Dona Zilda Arns, que não vai a determinados programas de tevê nem aparece de Cartier, mas está salvando milhões de pessoas. Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito "100% Jardim Irene". É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje 10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.

ISTOÉ -- Qual o resultado disso?

Shinyashiki -- Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.

ISTOÉ - Por quê?

Shinyashiki -- O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.

ISTOÉ -- Há um script estabelecido?

Shinyashiki -- Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um presidente de multinacional no programa. O aprendiz? "Qual é seu defeito?" Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: "Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar". É exatamente o que o chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder. O vice-presidente de uma das maiores empresas do planeta me disse: "Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir". Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?

ISTOÉ -- Tem um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?

Shinyashiki -- Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.

ISTOÉ -- Está sobrando auto-estima?

Shinyashiki -- Falta às pessoas a verdadeira auto-estima. Se eu preciso que os outros digam que sou o melhor, minha auto-estima está baixa. Antes, o ter conseguia substituir o ser. O cara mal-educado dava uma gorjeta alta para conquistar o respeito do garçom. Hoje, como as pessoas não conseguem nem ser nem ter, o objetivo de vida se tornou parecer. As pessoas parece que sabem, parece que fazem, parece que acreditam. E poucos são humildes para confessar que não sabem. Há muitas mulheres solitárias no Brasil que preferem dizer que é melhor assim. Embora a auto-estima esteja baixa, fazem pose de que está tudo bem.

ISTOÉ -- Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?

Shinyashiki -- Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua valorizando os heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta. O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: "Quando você quiser entender a essência do Ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham". Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia. Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado.

ISTOÉ -- O conceito muda quando a expectativa não se comprova?

Shinyashiki -- Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.

ISTOÉ -- Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?

Shinyashiki -- Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo. Um amigão me perguntou: "Quem decidiu publicar esse livro?" Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.

ISTOÉ - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?

Shinyashiki -- O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.

ISTOÉ -- Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?

Shinyashiki -- A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você precisa ser feliz tomando sorvete, levando os filhos para brincar. Quando era recém-formado em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: "Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero ser feliz". Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis".