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segunda-feira, 28 de julho de 2008

Carpe Diem

Você, alguma vez em sua mísera existência, já teve vontade de fazer alguma coisa inusitada, sem ter que se preocupar com as conseqüências de tal devaneio?
Provavelmente sua resposta será “sim”.

Quando de fato você se deparar com tal desafio, muitas dúvidas irão lhe sacudir o espírito, até que você se incline para alguma posição, seja ela qualquer que seja. Seus amigos, seu trabalho, seus amores, religião, preconceitos, tudo, absolutamente tudo irá lhe remoer a mente. E você ainda irá se perguntar se realmente vale a pena – e vale?

Depende qual seja esse desafio que se lhe apresenta, ou de qual loucura você está prestes a cometer, não é? E se for uma daquelas que estão entre o bem e o mal? ou querendo ultrapassar o limite da ética ou da moral? ou for uma daquelas ações que beiram o limiar entre a razão e a loucura?

Quando a decisão for evidentemente a errada, ou seja, é amoral, é anti-ética, ou qualquer coisa do gênero, fica até fácil escolher, se bem que ainda tem aquelas mentes tempestivas que se desprendem mesmo por este caminho e que “viva a vida e dane-se o resto!”, mas e se sua decisão for daquelas difíceis, se ela estiver no limiar entre os dois mundos do certo e do errado a ponto de lhe deixar realmente em dúvida? - “Poxa, mas isso irá me proporcionar um enorme prazer!”, você pensa consigo mesmo.

Vamos imaginar uma pessoa relativamente de bem consigo própria, em equilíbrio com seu trabalho, seus amigos, provavelmente ela não irá querer mudar seu “status quo”. Mas mesmo essa pessoa, em algum momento de sua satisfatória jornada, poderá sentir a necessidade de quebrar esse ciclo. Uma vontade enorme de dar um rumo diferente a sua vida lhe assolará a alma, nem que seja uma pequena desviadinha de sua trilha já tão rotineiramente esculpida na montanha da razão: essa pessoa precisará se sentir viva.

Talvez este seja o grande motivo que nos impele a esse dilema: as pessoas simplesmente não vivem; elas trabalham, estudam, cuidam da casa, dos filhos, mas, não vivem! Em algum momento de sua existência seu espírito irá se rebelar contra seu corpo para tentar apaziguar essa carência. Lutar contra isso significa enfrentar seus demônios. Você poderá ter que lutar contra seus preconceitos, desafiar sua ética ou mesmo sufocar sua moral, e tudo isso para levar apenas um gostinho da vida.

Conheci uma pessoa, por exemplo, que não pensou duas vezes em cometer uma loucura deste tipo e, apenas com um desejo em mente, ela foi em frente e encarou seus demônios, aliás, não teve que enfrentar a sociedade ou amigos, mas apenas encarar de frente seus preconceitos para realizar sua pequena fantasia.

O que aconteceu foi que ela se viu cruzando uma linha, a linha do medo, e depois de cruzada essa linha, ... ah, meu amigo... – não tem mais volta: você se torna um super-herói, andará como se sobre a multidão, você será diferente. É como se você comesse a maçã do conhecimento. E quando você olhar para os lados, você não terá mais iguais, você estará caminhando sobre animais, como dizia um filósofo já falecido.

Pode ser que sem aquele medo inicial, que é o legado que a sociedade lhe passa, a fim de que você não ultrapasse determinadas barreiras, você realmente se torne um super-herói, e sairá por aí “enfrentando moinhos” montado em seu corcel. Para o mundo surgirá um louco, para o louco, o mundo se encolherá.

Mas o mundo voltou a se retrair para minha amiga. Ela teve seu gostinho da vida, caminhou sobre a brasa e não se queimou, apenas sua alma se avermelhou um pouco, pois o diabo lhe incendiou o rabo, sorte a sua. Ela preferiu não cruzar mais essa linha. Pobre amiga, sabe agora o gosto que a vida tem, mas é prisioneira de seu mundo perfeito. E quem não o é, não é assim? ... eu também o sou! e você, e Paulo, e Maria, e Paul, e Rabin.

Ela “colheu o seu dia”, aproveitou o seu momento, e deixou então seu botão de rosa, já florido, voltar a murchar.

Pensou ela então, agora com a razão: “mas que importa que me mate; o que faço, cada dia, senão ir morrendo?”

Ao contrário dela, outras pessoas estão sempre testando seus limites, e... o nosso! Sim, porque ninguém é uma ilha, e quando alguém resolve cruzar essa linha, este alguém estará também enfrentando outro alguém, talvez até mesmo você, caro amigo! Eles são loucos, são santos, são mágicos, são terríveis. Mas não estão nem aí, eles estão apenas vivendo. Estão sempre em busca da terra prometida e não há nada que possa impedir sua jornada: nenhum limite existe para estes.

Limites, sim..., os limites. Eles são estabelecidos para nós, simples mortais, que morremos de medo da vida, que não arriscamos. Nunca ninguém disse para gente que a vida é única e que deveríamos “colher o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre”. Sempre disseram para que a gente não fizesse isso ou aquilo, se quiséssemos ter um lugar garantido nos céus: economize a vida para gozar os prazeres eternos.

A arrogância e a loucura são uma qualidade dos grandes, por isso não deve ficar confinada num coração pequeno. O homem sempre será escravo de suas paixões e por elas ele deve lutar, só assim ele será grande, só assim ele viverá.