Como acredito que discutir saúde seja de interesse geral, tomei a liberdade de trazer aqui pro blog dois textos de minha autoria, que eu já havia posto para discussão em duas listas do yahoo: http://br.groups.yahoo.com/group/acupunturabrasil/ e http://br.groups.yahoo.com/group/prosaudebrasil/ . O texto, logo abaixo, sofreu algumas adaptações aqui para o blog, bem como algumas correções, afinal, sempre é possível enxugar um pouquinho mais.
> -------Mensagem original-------
> De: XXXXXX
> Data: XXXXXXXXXX
> Para: XXXXXXXXXX
> Assunto: [prosaudebrasil] Fraude com placebos abala as bases da ciência médica moderna
> Fraude com placebos abala as bases da ciência médica moderna; milhares de ensaios clínicos invalidados
Alguém respondeu:
> excelente artigo!
> fato é que a ciência que se produz hoje não chega nem perto de cobrir todas as variáveis de um problema, e não pode, simplesmente é incapaz de avaliar impactos de ações em longo > prazo (várias gerações humanas).
> XXXX X XXXXX
1º TEXTO.
Olá (XXXX X XXXXX )
Muito acertado sobre a ciência não cobrir tudo!
Estamos ainda sobre os alicerces do pensamento cartesiano proposto por René Descartes, onde precisamos quebrar tudo em pequenos pedaços para poder entender o Todo. Só que nos preocupamos demais com esses pequenos pedaços (diversas variáveis) que nos esquecemos do geral. Esses pequenos pedaços não interessam realmente, mais a relação que um faz com o outro é o que importa . Veja que o médico se preocupa com o pulmão, o joelho, o coração, mas não se preocupa com o que a pessoa sente, não se preocupa com o todo; não interessa se um pulmão está doente, pois no fundo isso implica no individuo ficar doente!
Agora, veja os milhões de anos que se passaram para que enfim chegássemos a ser o individuo, ainda imperfeito, que somos hoje!... veja quantas conexões tivemos que fazer com tudo que nos cerca: ar, água, outros seres vivos, florestas; então, se você (genérico) acha que desmatar a floresta amazônica não vai influenciar no povo europeu, ou extrair pedras da África não vai afetar o cidadão estadunidense, ou ainda que pisar numa borboleta aqui no Brasil não vai afetar o esquimó.....ledo engano!!!
Estamos inseridos em milhares, quiçá milhões de interconexões estabelecidas pelo tempo e pela evolução, são milhões de variáveis que temos que colocar numa pesquisa científica, e não apenas fecharmos em poucas variáveis controladas com placebo, duplo cego, grupo controle, etc.: é simplesmente impossível quantificar a vida!
Claro que, se vivemos num mundo capitalista, onde quantizamos tudo, para controlar, reproduzir e depois vender a preço de ouro, estas pesquisas ainda são importantes, pois como exemplo, se você precisar corrigir um problema genético na sua família, ainda assim vai precisar comprar a patente do Mr. Craig Venter (Celera CO.), ou usar de seus serviços.
A conclusão que se chega é que devemos mudar o foco para estudar a saúde, devemos quebrar o paradigma do método cartesiano e evoluir um pouco mais na nossa filosofia.
A física quântica desponta hoje como um novo olhar para a ciência e nos mostra que dentro da matéria não existe matéria, mas apenas energia, e que esta matéria que pensamos estar num ponto fixo, não está lá realmente, a matéria só está lá quando olhamos para lá, na verdade o que existe é uma probabilidade de ela estar lá. Isso implica em dizer que VOCÊ determina a matéria, basta focar o seu referencial. E nosso cérebro é uma grande máquina para transformar toda essa energia circulante em realidade. Então, quando amanhecer o dia, diga para você mesmo: eu quero ser feliz e ter saúde, e você simplesmente terá, e não é fisioterapeuta, acupunturista, médico, físico, remédio ou qualquer outra coisa que vai impedir isso. E então você verá que um câncer pode ser curado simplesmente com força de vontade, sem qualquer toque mágico ou terapêutico.
Ao contrário do que se pensa, talvez sejamos simplesmente seres espirituais vivendo uma experiência material.
Abraços
George Kieling, fisioterapeuta.
2º TEXTO.
> From: XXXXX XXXXXX
> Sent: XXXXX XXXXXX
> To: prosaudebrasil@yahoogrupos.com.br
> Subject: Re: [acupunturabrasil] Re: Fwd: [docentesdata] Fw: [prosaudebrasil] Fraude com placebos abala as bases da ciência médica moderna
> Esta é uma bela reflexão!
> Pena que quem precisa refletir não irá ler ou se ler irá ler "mais um artigo".
> A tal "medicina" hoje em dia se resume em se o paciente tem ou não convênio médico...
"Pena que quem precisa refletir não irá ler ou se ler irá ler ´mais um artigo´."
Acho que foi o Zaratustra, de Nietzsche, que disse que "sua rede não era para todos os peixes", faço dele, então, as minhas palavras. Não podemos forçar as pessoas a abrirem os olhos, mas podemos abrir os nossos, e não para a verdade, mas para o conhecimento. O Mito da Caverna, de Platão, fala exatamente disso: se quisermos descobrir a verdade devemos deixar de viver nas sombras e sairmos para fora da caverna; só que muitas pessoas vivem mais felizes quando acreditam no que é mais fácil acreditar e essa passa então a ser uma felicidade que se vive através dos olhos de outros - uma falsa verdade!
Veja..., uma parente minha baixou o hospital, ontem, no CTI, por embolia pulmonar, estava entre a vida e a morte; hoje está em casa e se recuperando, porque após uma TC descobriu que não tinha nenhum trombo vagando descontroladamente e tinha sido apenas uma crise de coluna; o médico não soube fazer o diagnóstico diferencial correto e deixou todos nós apreensivos. Ontem, também, no meu serviço, alguém comentou que um conhecido seu baixou um bom hospital aqui em Curitiba (Hospital VITA) e estava no quarto trocado, tomando medicação errada, estava com febre e não tinha ninguém a acompanhando (após sair de uma cirurgia). E assim como estes, temos tantos outros casos parecidos.
Então eu pergunto: - é isto saúde? Médicos parecem um bando de "filhinhos de papai", com um "rei na barriga", querendo ganhar muito dinheiro em pouco tempo e decorando uma receita de bolo para tratamentos. Um individuo que se forma em medicina ou qualquer outra profissão da saúde, deste jeito, não terá a mínima chance de tratar alguém, porque seu horizonte de possibilidades é muito restrito - ele se especializou demais, virou máquina - tipo linha de montagem da FORD - , não sabe tratar de doentes, apenas doenças. Claro que isto se aplica a todos os profissionais da saúde e que ainda existem muitas exceções.
O que vemos hoje, é uma poderosa máquina montada para se ganhar dinheiro, e ninguém realmente está pensando na saúde.
Ora, a população sabe disso e começa a procurar caminhos alternativos, e encontra então as terapias alternativas que começam a despontar vertiginosamente. Então estas outras técnicas, ditas mais naturais, começam a ter uma maior importância e consequentemente, mais demanda, o que, claro, desequilibra a balança. A "máquina" então dá seu troco: tentar votar desesperadamente seu "ato médico", manda representante para televisão (Dr. D. Varella) dizer que fitoterapia faz mal, manda a agencia reguladora "regular" mais, tudo com um único intento: desacreditar o tratamento que a natureza nos oferece de graça. Mas isto é política!
Eu, como graduado em fisioterapia, tive uma formação bastante técnica, e com um gosto muito particular para a pesquisa científica, mas mantive minha mente aberta. E nesta abertura, surgiu a acupuntura como uma extensão natural da minha formação. Mudar de músculos, nervos e articulações, para canais de energia invisíveis foi um grande choque, mas sobrevivi. Com a formação em acupuntura passei a perceber que existe uma outra forma de encarar a saúde e que não necessariamente precisamos usar a máquina de ganhar dinheiro, como um fim e não como um meio - deixo bastante claro. Mas mesmo assim, dentro da "outra medicina" ainda temos muitos "mágicos" com "curas invisíveis", todos baseados na mesma premissa: ignorância de pacientes e de alunos que não querem sair da caverna de Platão.
Mas vamos a um exemplo mais interessante de como encarar a saúde de uma maneira holística, tentando vencer nossos preconceitos e quebrar paradigmas.
Há alguns meses, levantei uma questão no Acupunturabrasil e Prosaudebrasil sobre a "Teoria do ponto G", pois fiquei muito interessado em saber como essa energia fundamental é gerada e distribuída no nosso organismo. Em acupuntura chamamos essa energia de "Qi", e nessas discussões me referenciaram o mestre Mantak Chia. Com sucessivas leituras tive as primeiras noções de fractais; fiquei - e ainda estou - muito impressionado em saber como nosso corpo se comporta como um sistema fractal, e daí para chegar ao Universo Holográfico de Michael Talbot foi um pulinho. Mantive sempre minha mente aberta e ainda continuo lendo muito sobre isso.
Agora, a título de exemplo, imagine um anel de metal do tamanho de um dedo - simples e fácil, não é mesmo? aliás, um círculo deve ser a forma geométrica mais simples; agora vá colocando sucessíveis anéis em cima deste; se você olhar detalhadamente, ainda assim identificará alguns anéis do conjunto. Agora coloque milhares de anéis, milhões de anéis, bilhões. Quando você olhar para tudo isso não identificará mais um simples anel, mas sim, uma estrutura altamente complexa: mas ainda assim só haverá anel ali. Mas, como tudo isso será difícil de montar novamente, então vamos criar um código de duplicação: neste código eu digo que o 2º anel de cima está 20 graus à direita do de baixo, e que o 3º está inclinado em 90 graus e à esquerda do 2º, e assim sucessivamente. A este meu código eu dou o nome de DNA.
O nosso corpo é mais ou menos como este sistema de fractal feito com anéis: uma única parte do nosso corpo contém informações sobre todo o resto dele, tal como um sistema holográfico no qual a 3ª dimensão está embutida na 2ª; e todo o corpo funciona assim: como exemplo disso, imagine que se você fizer uma lobotomia e retirar engramas de memória do cérebro, que representam a memória recente, você ainda assim terá a memória recente, pois o cérebro é holográfico - uma única parte contem informações sobre o todo: outra parte do corpo irá lhe suprir esta perda.
Ainda... por mais que você aumente o número de anéis naquele sistema fractal, ainda assim você só terá anéis: se você colocar uma luneta naquela complexidade toda, verá o anel - temos anéis na orelha: auriculoterapia; temos anéis na sola dos pés: reflexologia; temos anéis nos olhos: iridologia; anéis nos ossos longos: técnica do 2º metacarpo; anéis na cabeça: cranioacupuntura; anéis nas mãos: koryo; anéis na genitália, no abdomen, nos dedos, no rosto, fica impossível listar aqui todos os anéis. Na medicina alternativa damos os nomes destes anéis de: microsistemas. Temos ainda dois microsistemas muito importantes na acupuntura: pulso e lingua: dois anéis que , se bem interpretados, poderemos receber informações de diagnóstico do corpo todo.
Mas imagine agora que este anel é uma unidade viva e que está unidade é composta de energia pura se relacionando interna e externamente, tal qual um átomo com elétrons a sua volta; então, nosso corpo todo é formado de energia, tal qual a energia do átomo, do DNA, da célula, do ser vivo, do Qi, do meio ambiente, do planeta, muito doido não é mesmo?
Somos pura energia, e este é o novo paradigma, temos que sair da concepção de curar o material para curar o imaterial, e o estudo da acupuntura vem a ser exatamente isto. Eu te pergunto: você tem que tratar o pulmão, o coração, o rim,... ou tem que tratar a pessoa toda?
Este fim de semana fiz o segundo módulo do curso "Tao do Amor e do Sexo", do Mantak Chia, em Curitiba, que de amor...não tem nada, mas... é fundamentalmente: alquimia interna taoista: vale a pena ler um pouco sobre isso.
Nas práticas, podemos treinar muito para identificar uma energia dentro da gente (Qi), concentrá-la e direcionar para onde quisermos; a professora nos fez acreditar que em alguns mestres só aprovam o aluno se ele conseguir aumentar a temperatura da sala trabalhando a sua energia interna (colocando termômetro da sala); um praticante de Karatê que quebra tijolos com as mãos está jogando toda a sua energia para as mãos;
Se podemos fazer o Qi circular por nosso corpo, podemos também impulsionar esta mesma energia para uma agulha, colocando então nossa "intenção" de curar para dentro do paciente com o uso da agulha.
Isto, meus amigos, não se aprende em curso de medicina, talvez nem em cursos de acupuntura, mas isso se aprende simplesmente deixando nossa mente aberta, como uma esponja a absorver novos conhecimentos, fazendo nós mesmos nossas buscas, procurando trilhar nosso próprio caminho. Infelizmente somos levados a procurar o mais fácil e então entramos num mundo supérfluo, de aparências, capitalista, selvagem, desordenado e que cada vez mais se expande para lugar algum. Talvez nunca quebremos este paradigma, mas alguns sabem que não existe nada lá fora, e que o melhor que temos está dentro de nós. Bastaria por o pé no freio e dizer: antes de conhecer o universo, quero conhecer a mim mesmo, talvez demorássemos mais algumas décadas para termos o GPS ou um boeing, mas não teríamos pobreza, guerras ou mesmo capitalismo.
A acupuntura me abriu novos horizontes e não tenho receio algum de lançar minha rede aqui no grupo para tentar conseguir alguns peixes, mas sei que a rede é apenas para alguns.
Fica aqui a idéia que precisamos ter nossa mente aberta, para que então possamos cobrar da sociedade uma terapia da saúde que seja mais holística, menos voltada para máquinas e remédios e mais voltada para a pessoa.
Abs..
George Kieling, fisioterapeuta.