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sábado, 7 de março de 2009

Ode à Loucura Apaixonada

Mulheres que fazem.

A reportagem a seguir foi publicada pela revista veja e é uma entreivista à Camille Paglia, intelectual americana, falando sobre diversas tendências da cultura pop atual.

REVISTA VEJA. Ed 2101 - 25 de fevereiro de 2009.

"Entrevista Camille Paglia
Ode à loucura apaixonada

A intelectual americana da cultura pop diz que o cenário
atual é desanimador, a não ser por um único e espetacular
fenômeno: a cantora baiana Daniela Mercury


Juliana Linhares

Misa Martin

"Madonna está um monstro. São inacreditáveis aqueles braços grotescamente musculosos e mãos que parecem garras"

Sempre colocada nas listas dos grandes nomes da intelectualidade contemporânea e das maiores vocações para provocar encrencas, a crítica americana Camille Paglia, 61, durante anos teve como ícone máximo a cantora Madonna, de quem exaltou a ousadia e a criatividade em dezenas de artigos. Aí, desencantou-se – hoje a considera "patética". O posto de musa inspiradora, porém, não ficou vago: Camille elegeu para ocupá-lo a cantora baiana Daniela Mercury, que conheceu através de DVDs que a atingiram "como um raio". Autora de cinco livros, entre eles Personas Sexuais, uma obra popularizada pelas conexões entre arte clássica e cultura pop, Camille tirou alguns dias de folga na Universidade das Artes, na Filadélfia, onde dá aula de ciências humanas e mídia, para passar o Carnaval em Salvador e, enfim, conhecer Daniela. Antes de cair na folia pagã, falou a VEJA.

Quando a senhora esteve na Bahia, no ano passado, ganhou um pacote de DVDs de Daniela Mercury e, desde então, tem escrito entusiasmados artigos sobre ela. O que a impressionou tanto?
A sensação que tive quando vi os DVDs foi de ter sido atingida por um raio. Comecei a pesquisar freneticamente sobre ela, inclusive em vídeos no YouTube. Vi que, no começo, quando apareceu, se assemelhava a uma corsa. Hoje, é uma tigresa. Ao vê-la cantando, eu me dei conta de como andei entediada com a música americana na última década. Foi justamente a época em que Madonna perdeu a pegada. Já escrevi sobre isso, mas faço questão de repetir: fiquei chocada com aquela loucura apaixonada acontecendo ao ar livre no Brasil, enquanto nós, fãs da música americana, ficávamos presos como ovelhas anestesiadas no curral comercial de shows de estádio, caros e cheios. Sem falar nas nossas canções, que são enlatadas e só se seguram por truques de computador. A Daniela surge como uma grande explosão. Ela é a Madonna brasileira. Faz música pop, mas possui outra dimensão incrível que Ma-donna não tem: um grande conhecimento sobre folclore, sobre os grupos étnicos brasileiros e sobre a história da Bahia. É bem verdade que a cultura dos imigrantes italianos, da qual Madonna surgiu, se desintegrou com o passar do tempo. Eu também sou produto dessa cultura e lamento que tenha sobrado tão pouco, fora as citações vulgares em Família Soprano.

Durante décadas, a senhora escreveu artigos elogiando Madonna, a quem considerava "a verdadeira feminista". Depois, mudou de opinião. O que aconteceu?
Ela está patética. O que mais me espanta é esse envolvimento com a cabala. De um lado está a Madonna dos anos 80, um símbolo de rebelião contra a ortodoxia religiosa. Agora temos a Madonna pregando a cabala, catequizando pessoas. Para Madonna, consultar a cabala é como ir ao terapeuta. Não é uma crença religiosa, é um modo de lidar com seus problemas psicológicos. E não é coincidência que a criatividade dela tenha decaído. Além disso, ela está um monstro. São inacreditáveis aqueles braços grotescamente musculosos e mãos que lembram garras. Não me parece uma sexualidade realmente autêntica, é muito conceito, muito planejamento mental. Ela deveria meditar sobre sua grande influência, Marlene Dietrich, com quem viveu algo muito triste. Madonna quis fazer um filme sobre Marlene, que ainda estava viva, reclusa em Paris. Marlene não quis. Não permitiu que ela a interpretasse, por considerá-la muito vulgar. Madonna se casou com um homem dez anos mais novo e começou a lutar para parecer uma menininha. Quanto tempo vai continuar com isso?

"Angelina Jolie está no topo da sua performance. Ela deveria gastar tempo estudando arte em vez de tentar provar que é Madre Teresa ou Joana d’Arc. Minha vontade é dizer a ela: ‘Pare de falar e vá se concentrar em outra coisa’"

A separação dela ajudou ou atrapalhou?
Eu achava Guy Ritchie um cara decente e continuo achando. Depois da separação, todo mundo esperava que ele voltasse a desfilar com loiras pernudas, o tipo de mulher com quem saía antes de se casar. Até agora, não apareceu nenhuma foto de Ritchie com outra mulher. Já Madonna quer dar o troco e mostrar que continua desejada, mas só parece desesperada ao sair com homens como Alex Rodriguez (jogador de beisebol) e agora o modelo brasileiro. Ele é muito bonito, diria magnífico, mas o caso é patético. Acho bom que mulheres mais velhas tenham namorados mais jovens. Mas tem de existir química, um entendimento na relação entre os dois. No caso de Madonna, o rapaz parece um gigolô e faz com que ela fique ridícula.

E Angelina Jolie? Com a mistura de imagem sensual, filhos em série e trabalho voluntário, a senhora acha que ela atingiu o ponto de equilíbrio entre mulher fatal e santa, ou é simplesmente esquisita?
Eu fico triste com o que está acontecendo com Angelina Jolie. Ela é uma atriz maravilhosa. Fiquei muito impressionada com sua atuação em um filme inspirado na história da modelo Gia Carangi. O problema com Angelina é que, ao atingir o ápice do estrelato, as pressões ficaram muito fortes e ela passou a fazer um jogo de esconde-esconde esquisito. Normalmente, eu desaprovo atores que se passam por militantes políticos. Tudo bem aparecer ocasionalmente em um evento beneficente, mas eles não devem partir para cruzadas. Uma exceção é o Bono Vox. Acho interessante ver que, conforme vai envelhecendo, dedica sua energia às questões políticas. Mas Angelina ainda está no topo da sua performance. Ela deveria gastar o tempo estudando arte em vez de ficar tentando provar que é Madre Teresa ou Joana d’Arc. Minha vontade é dizer a ela: "Pare de falar e vá se concentrar em outra coisa".

Quem é, atualmente, a mulher famosa que encarna o poder da feminilidade sem cair nos excessos de futilidade?
Gosto muito de Kate Winslet. Ela estava maravilhosa em Titanic. Passados doze anos e tantas pressões, olho para ela e vejo alguém que formou uma família e ao mesmo tempo é extremamente produtiva como artista. Após Titanic, que foi um tremendo sucesso comercial, ela não começou a agir como as atrizes de Hollywood, que só topam atuar em produções suntuosas. Em vez disso, fez filmes de baixo orçamento, pequenos, obscuros. Ela tem a postura das atrizes inglesas, que é considerar a arte mais importante do que virar celebridade.

Mas Kate Winslet não está no mesmo nível de popularidade que Madonna ou Angelina. Existe alguém com o apelo delas que tenha feito bons trabalhos, sem derrapar no comportamento pessoal?
Infelizmente, estamos em um período de declínio das grandes estrelas. Eu acho que a última estrela de grande dimensão, vinda de Hollywood, foi Sharon Stone, com o estonteante Instinto Selvagem. Eu pensava que Angelina fosse ocupar esse papel. Mas ela não quis, então acabou. Nem me lembro da última vez que fui ao cinema. Em vez disso, estou aqui me deleitando com um DVD de Louise Brooks, num filme de 1929.

Como estudiosa de história antiga, a senhora acha que o presidente Barack Obama poderia ser equiparado a Adriano, que saiu da periferia do Império Romano e o revigorou, ou Constantino, o imperador convertido, que selou o começo do fim?
Não sei. O governo dele começou há muito pouco tempo. Barack Obama pode ser um presidente bem-sucedido, ou pode virar prisioneiro de um Senado à romana. Além disso, muitos imperadores romanos foram vítimas da colaboração entre a aristocracia e os militares. Veremos se Obama vai ter a habilidade de controlar o aparato governamental de maneira a impor sua vontade diante um Congresso muito independente.

O império americano está em declínio?
É difícil responder a essa pergunta, porque não tenho certeza se o chamaria de império. Os romanos impuseram a sua civilização, bem como os ingleses, no auge do império britânico. O que os caracteriza como império é o controle político e comercial de boa parte do mundo. Eu diria que os Estados Unidos, desde a sua ascensão ao topo do mundo após a I Guerra Mundial, exerceram principalmente um imperialismo cultural, através da exportação dos filmes de Hollywood e de marcas como Coca-Cola e McDonald’s. Quanto ao uso do poderio militar americano no exterior, o que ocorreu no Vietnã e no Iraque foi uma tentativa equivocada de fazer o que se achava correto, em resposta ao que pareciam ser grandes ameaças. Em nenhum dos dois casos existia a ideia prévia de que iríamos nos tornar ocupantes permanentes. Ambas as situações também propiciaram um significativo aumento do poder presidencial. O Poder Executivo usa o Exército sem consultar os demais poderes e sem que o Congresso aprove uma declaração oficial de guerra.

"A feminilidade americana hoje é louca, é ‘superconceituada’. Todas as mulheres querem ser a Carrie de Sex and the City. Não acho nada estranho que tantos rapazes bonitos e inteligentes não queiram se casar ou sejam gays"

É possível o país estar economicamente fraco e militarmente forte?
Sim. Mas a questão não é tão simples. Os americanos que se opuseram à invasão do Iraque ficaram enfurecidos porque bilhões de dólares arrecadados via impostos foram jogados fora. Houve um desperdício obsceno do nosso dinheiro. Ele deveria ter ido para a área social, para o sistema de saúde, para infraestrutura, em nosso próprio país. O governo Bush foi muito esbanjador. Bush gastou em excesso, e a eficiência dos principais organismos governamentais parece ter piorado. Foi inesperado, porque republicanos em geral têm responsabilidade fiscal, enquanto os democratas são os imprudentes, propensos a gastar em excesso na área social. Bush deixou o Partido Republicano em ruínas. Sou uma grande ouvinte de programas de rádio (nos EUA, ultraconservadores) e notei que há anos começaram a criticar o governo Bush.

Onde estão, à esquerda e à direita, as grandes ideias para enfrentar a crise econômica, fora os sucessivos planos de estímulo?
Há um enorme caos acontecendo em Washington, com a aprovação de gastos que não temos dinheiro para bancar. Mas, na minha opinião, está havendo, sim, um embate feroz de ideias. Os republicanos desaprovam o pacote de estímulo de Barack Obama porque acreditam que o governo não deve espalhar tanto dinheiro e que a melhor maneira de acelerar a economia é reduzindo impostos e aumentando o poder de compra dos cidadãos. Os democratas sustentam que devemos auxiliar quem está com problemas agora e que o governo deve exercer controles maiores, de maneira mais parecida com o modelo europeu.

Tantos anos de pós-feminismo e as mulheres parecem continuar a viver em conflito diante de seus diversos papéis. Há solução à vista?
Não. É um dilema terrível quando as mulheres aspiram a ter filhos e carreira. E é um dilema que não afeta os homens. Não por uma questão de discriminação da sociedade, mas simplesmente porque a natureza escolheu deixar o enorme fardo da gravidez para as mulheres. Vemos nos tempos modernos uma evolução da antiga família ampliada, da grande família tribal, em que diferentes gerações viviam juntas, rumo ao modelo em que as pessoas vivem isoladas em famílias nucleares, seja mãe, pai e filho, seja mãe divorciada e filho ou mãe solteira e filho. Isso põe as mulheres sob enorme pressão para fazer coisas que antigamente eram feitas pelas parentes. Antigamente, no interior, quando uma jovem ficava grávida, ela não fazia nada. As mulheres mais velhas a dominavam e ficavam dizendo "Vá descansar, saia da cozinha. O filho que você leva aí dentro é o nosso sangue". Hoje, quanto mais bem-sucedida a mulher, mais distante ela está desse modelo comunal. Ela vive louca atrás de babá, empregada, enfermeira. Consequentemente, sofre um nível de intensidade nervosa e de exaustão sem precedentes na história. Alguém se lembra de ter tido uma avó agitada?

As mulheres perdem com isso?
Claro. A feminilidade americana hoje é estressada, é louca, é "superconceituada". Todas as mulheres querem ser a Carrie de Sex and the City. Não acho nada estranho que tantos rapazes bonitos e inteligentes não queiram se casar ou sejam gays. O máximo que uma mulher jovem e bem colocada na carreira tem a oferecer é uma instigante conversa sobre trabalho ou um empolgante almoço de negócios. É um tédio conversar com elas. Aliás, estou cansada de falar dessas mulheres. Vamos falar mais da Daniela Mercury?"

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Ser brasileiro

Muitos de nós temos orgulho de "ser brasileiro", pois dizemos que o Brasil é um país rico, que tem de tudo, e que produzimos de agulhas à aviões. Mas muitos esquecem que aqui dentro temos dois "Brasis".

Deixo aqui, para reflexão, um e-mail que me foi enviado, com uma suposta autoria que não vou reproduzir, pois não tenho certeza da veracidade. Talvez você chegue a mesma conclusão que eu, que ser brasileiro não significa apenas ter orgulho, significa também exercer nosso brasileirismo, e não adianta culpar os políticos, pois cada povo tem o governo que merece e "esses políticos", na verdade, somos nós, pois eles são a nossa presentatividade, ou seja, são pessoas que têm orgulho, e só.

Se liga, amigo, quando a guerra do Iraque acabar, eles virão para cá, em busca de nossa água, de nossas riquezas. Sejamos brasileiros agora, e sempre.

George Kieling.

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"A PRÓXIMA GUERRA

Segue abaixo o relato de uma pessoa conhecida e séria, que passou recentemente em um concurso público federal e foi trabalhar em Roraima. Trata- se de um Brasil que a gente não conhece.

As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (RR) não pude resistir a fazer um relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui. Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde engenheiros até pessoas com um mínimo de instrução.

Para começar o mais difícil de encontrar por aqui é roraimense, pra falar a verdade, acho que a proporção é de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável, tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto falta uma identidade com a terra. Aqui não existem muitos meios de sobrevivência, ou a pessoa é funcionária pública, e aqui quase todo mundo é, pois em Boa Vista se concentram todos os órgãos federais e estaduais de Roraima, além da prefeitura é claro. Se não for funcionário público a pessoa trabalha no comércio local ou recebe ajuda de Programas do governo.
Não existe indústria de qualquer tipo. Pouco mais de 70% do Território roraimense é demarcado como reserva indígena, portanto restam apenas 30%, descontando- se os rios e as terras improdutivas que são muitas, para se cultivar a terra ou para a localização das próprias cidades. (Na única rodovia que existe em direção ao Brasil (liga Boa Vista a Manaus, cerca de 800 km) existe um trecho de aproximadamente 200 km reserva indígena Waimiri Atroari) por onde você só passa entre 6:00 da manhã e 6:00 da tarde, nas outras 12 horas a rodovia é fechada pelos índios (com autorização da FUNAI e dos americanos) para que os mesmos não sejam incomodados. Detalhe: Você não passa se for brasileiro, o acesso é livre aos americanos, europeus e japoneses. Desses 70% de território indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem uma grande burocracia e autorização da FUNAI. Detalhe: Americanos entram na hora que quiserem, se você não tem uma autorização da FUNAI mas tem dos americanos então você pode entrar. A maioria dos índios fala a língua nativa além do inglês ou francês, mas a maioria não sabe falar português. Dizem que é comum na entrada de algumas reservas encontrarem- se hasteadas bandeiras americanas ou inglesas. É comum se encontrar por aqui americano tipo nerds com cara de quem não quer nada, que veio caçar borboleta e joaninha e catalogá-las, mas no final das contas pasme, se você quiser montar um empresa para exportar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí camucamu etc., medicinais, ou componentes naturais para fabricação de remédios, pode se preparar para pagar 'royalties' para empresas japonesas e americanas que já patentearam a maioria dos produtos típicos da Amazônia...

Por três vezes repeti a seguinte frase após ouvir tais relatos: E os americanos vão acabar tomando a Amazônia e em todas elas ouvi a mesma resposta em palavras diferentes. Vou reproduzir a resposta de uma senhora simples que vendia suco e água na rodovia próximo de Mucajaí: 'Irão não minha filha, tu não sabe, mas tudo aqui já é deles, eles comandam tudo, você não entra em lugar nenhum porque eles não deixam. Quando acabar essa guerra aí eles virão pra cá, e vão fazer o que fizeram no Iraque quando determinaram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra, aqui vai ser a mesma coisa'. A dona é bem informada não? O pior é que segundo a ONU o conceito de nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena. O que pode levar os americanos a alegarem que estarão libertando os povos indígenas. Fiquei sabendo que os americanos já estão construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil numa parceria com o governo colombiano com o pseudo objetivos de combater o narcotráfico. Por falar em narcotráfico, aqui é rota de distribuição, pois essa mãe chamada Brasil mantém suas fronteiras abertas e aqui tem Estrada para as Guianas e Venezuela. Nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada, principalmente se for americano, europeu ou japonês, (isso pode causar um incidente diplomático). .. Dizem que tem muito colombiano traficante virando venezuelano, pois na Venezuela é muito fácil comprar a cidadania venezuelana por cerca de 200 dólares.

Pergunto inocentemente às pessoas; porque os americanos querem tanto proteger os índios. A resposta é absolutamente a mesma, porque as terras indígenas além das riquezas animais e vegetais, da abundância de água são extremamente ricas em ouro encontram-se pepitas que chegam a ser pesadas em quilos), diamante, outras pedras preciosas, minério e nas reservas norte de Roraima e Amazonas, ricas em PETRÓLEO.

Parece que as pessoas contam essas coisas como que num grito de socorro a alguém que é do sul, como se eu pudesse dizer isso ao presidente ou a alguma autoridade do sul que vá fazer alguma coisa. É pessoal, saio daqui com a quase certeza de que em breve o Brasil irá diminuir de tamanho.

Um grande abraço a todos. Será que podemos fazer alguma coisa???
Acho que sim.

Repasse esse e-mail para que um maior número de brasileiros fique sabendo desses absurdos."

-----fim do email----

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Carpe Diem

Você, alguma vez em sua mísera existência, já teve vontade de fazer alguma coisa inusitada, sem ter que se preocupar com as conseqüências de tal devaneio?
Provavelmente sua resposta será “sim”.

Quando de fato você se deparar com tal desafio, muitas dúvidas irão lhe sacudir o espírito, até que você se incline para alguma posição, seja ela qualquer que seja. Seus amigos, seu trabalho, seus amores, religião, preconceitos, tudo, absolutamente tudo irá lhe remoer a mente. E você ainda irá se perguntar se realmente vale a pena – e vale?

Depende qual seja esse desafio que se lhe apresenta, ou de qual loucura você está prestes a cometer, não é? E se for uma daquelas que estão entre o bem e o mal? ou querendo ultrapassar o limite da ética ou da moral? ou for uma daquelas ações que beiram o limiar entre a razão e a loucura?

Quando a decisão for evidentemente a errada, ou seja, é amoral, é anti-ética, ou qualquer coisa do gênero, fica até fácil escolher, se bem que ainda tem aquelas mentes tempestivas que se desprendem mesmo por este caminho e que “viva a vida e dane-se o resto!”, mas e se sua decisão for daquelas difíceis, se ela estiver no limiar entre os dois mundos do certo e do errado a ponto de lhe deixar realmente em dúvida? - “Poxa, mas isso irá me proporcionar um enorme prazer!”, você pensa consigo mesmo.

Vamos imaginar uma pessoa relativamente de bem consigo própria, em equilíbrio com seu trabalho, seus amigos, provavelmente ela não irá querer mudar seu “status quo”. Mas mesmo essa pessoa, em algum momento de sua satisfatória jornada, poderá sentir a necessidade de quebrar esse ciclo. Uma vontade enorme de dar um rumo diferente a sua vida lhe assolará a alma, nem que seja uma pequena desviadinha de sua trilha já tão rotineiramente esculpida na montanha da razão: essa pessoa precisará se sentir viva.

Talvez este seja o grande motivo que nos impele a esse dilema: as pessoas simplesmente não vivem; elas trabalham, estudam, cuidam da casa, dos filhos, mas, não vivem! Em algum momento de sua existência seu espírito irá se rebelar contra seu corpo para tentar apaziguar essa carência. Lutar contra isso significa enfrentar seus demônios. Você poderá ter que lutar contra seus preconceitos, desafiar sua ética ou mesmo sufocar sua moral, e tudo isso para levar apenas um gostinho da vida.

Conheci uma pessoa, por exemplo, que não pensou duas vezes em cometer uma loucura deste tipo e, apenas com um desejo em mente, ela foi em frente e encarou seus demônios, aliás, não teve que enfrentar a sociedade ou amigos, mas apenas encarar de frente seus preconceitos para realizar sua pequena fantasia.

O que aconteceu foi que ela se viu cruzando uma linha, a linha do medo, e depois de cruzada essa linha, ... ah, meu amigo... – não tem mais volta: você se torna um super-herói, andará como se sobre a multidão, você será diferente. É como se você comesse a maçã do conhecimento. E quando você olhar para os lados, você não terá mais iguais, você estará caminhando sobre animais, como dizia um filósofo já falecido.

Pode ser que sem aquele medo inicial, que é o legado que a sociedade lhe passa, a fim de que você não ultrapasse determinadas barreiras, você realmente se torne um super-herói, e sairá por aí “enfrentando moinhos” montado em seu corcel. Para o mundo surgirá um louco, para o louco, o mundo se encolherá.

Mas o mundo voltou a se retrair para minha amiga. Ela teve seu gostinho da vida, caminhou sobre a brasa e não se queimou, apenas sua alma se avermelhou um pouco, pois o diabo lhe incendiou o rabo, sorte a sua. Ela preferiu não cruzar mais essa linha. Pobre amiga, sabe agora o gosto que a vida tem, mas é prisioneira de seu mundo perfeito. E quem não o é, não é assim? ... eu também o sou! e você, e Paulo, e Maria, e Paul, e Rabin.

Ela “colheu o seu dia”, aproveitou o seu momento, e deixou então seu botão de rosa, já florido, voltar a murchar.

Pensou ela então, agora com a razão: “mas que importa que me mate; o que faço, cada dia, senão ir morrendo?”

Ao contrário dela, outras pessoas estão sempre testando seus limites, e... o nosso! Sim, porque ninguém é uma ilha, e quando alguém resolve cruzar essa linha, este alguém estará também enfrentando outro alguém, talvez até mesmo você, caro amigo! Eles são loucos, são santos, são mágicos, são terríveis. Mas não estão nem aí, eles estão apenas vivendo. Estão sempre em busca da terra prometida e não há nada que possa impedir sua jornada: nenhum limite existe para estes.

Limites, sim..., os limites. Eles são estabelecidos para nós, simples mortais, que morremos de medo da vida, que não arriscamos. Nunca ninguém disse para gente que a vida é única e que deveríamos “colher o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre”. Sempre disseram para que a gente não fizesse isso ou aquilo, se quiséssemos ter um lugar garantido nos céus: economize a vida para gozar os prazeres eternos.

A arrogância e a loucura são uma qualidade dos grandes, por isso não deve ficar confinada num coração pequeno. O homem sempre será escravo de suas paixões e por elas ele deve lutar, só assim ele será grande, só assim ele viverá.

sábado, 28 de junho de 2008

Prometeu e Pandora: a história da criação.



“Prometeu e Pandora.

A criação do mundo é uma questão que, de modo natural, desperta o mais vivo interesse do homem, seu habitante. Os pagãos da Antiguidade, desconhecendo a informação sobre o assunto que obtemos nas páginas da Escritura, tinham a sua própria forma de contar a história, apresentada como segue.
Antes que a terra, o mar e o céu tivessem sido criados, todas as coisas tinham um único aspecto, ao qual denominamos Caos – uma massa confusa e informe, nada além de peso morto, na qual, entretanto, repousavam as sementes das coisas. Terra, mar, e ar misturavam-se na mesma substância; de modo que a terra não era sólida, o mar não era líquido, e o ar não era transparente. Deus e a Natureza finalmente se interpuseram, pondo um fim a essa discórdia, separando a terra do mar, e o céu de ambos. A parte abrasada, sendo a mais leve, espalhou-se e constituiu o firmamento; o ar foi o próximo em peso e localização. A terra, sendo mais pesada, desceu, e a água alojou-se no nível inferior, fazendo-a boiar.
Nesse ponto, algum deus – não se sabe qual – concedeu os seus bons ofícios a fim de organizar e dispor a terra. Ele escolheu os lugares em que ficariam os rios e as baías, elevou as montanhas, cavou os vales, distribuiu as florestas, as fontes, os campos férteis e as planícies rochosas. Quando o ar clareou, as estrelas começaram a aparecer, os peixes se apossaram do mar, os pássaros tomaram o ar, e as bestas de quatro patas dominaram a terra.
Entretanto um animal mais nobre era desejado, e o homem foi feito. Não se sabe se o criador o fez de materiais divinos ou se o constituiu na terra, que havia tão pouco tempo estava separada do céu que ainda se escondiam por ali algumas sementes celestiais. Prometeu tomou um pouco dessa terra, e modelando-a com água, fez o homem à imagem dos deuses. Deu a ele uma postura ereta, de tal modo que enquanto os outros animais voltavam suas faces para baixo, olhando para a terra, o homem ergue o seu rosto para o céu, e divisa as estrelas.
Prometeu era um dos titãs, uma raça de gigantes que habitavam a terra antes da criação do homem. Ele e seu irmão Epimeteu foram incumbidos de fazer o homem e de dotá-lo, bem como a todos os outros animais, das faculdades necessárias à sua preservação. Epimeteu comprometeu-se a fazê-lo, e Prometeu encarregou-se de supervisionar a conclusão do trabalho do irmão. Epimeteu distribuiu aos diferentes animais os vários dons de coragem, força, agilidade, sagacidade; asas a um, garras a outro, uma carapaça protetora ao terceiro, etc. Entretanto, Epimeteu foi tão generoso ao distribuir seus recursos que, quando chegou o momento de prover o homem com faculdades que o fizessem superior a todos os outros animais, nada mais havia sobrado para legar-lhe. Perplexo, recorreu ao irmão Prometeu, que, com o auxílio de Minerva, subiu ao céu e acendeu a sua tocha na carruagem do sol, e trouxe o fogo para o homem. Com esse dom o homem tornou-se muito mais capaz que os outros animais. O dom deu ao homem a possibilidade de criar armas com as quais pôde subjugar os outros animais, instrumentos para cultivar a terra, para aquecer sua morada, para que se amancipasse em relação às variações climáticas, e, finalmente, para criar a arte e cunhar moedas, os meios para realizar negócios e o comércio.
A mulher ainda não havia sido feita. A história (muito inverossímil!) é a de que Júpiter a fez e a enviou a Prometeu e a seu irmão, para puni-los pela presunção de roubar o fogo do céu; e ao homem por ter aceito o presente. A primeira mulher chamava-se Pandora. Ela foi feita no céu, e cada deus contribuiu com algo para aperfeiçoá-la. Vênus deu-lhe a beleza, Mercúrio a persuasão, Apolo a música, etc. Assim equipada, foi conduzida à terra, e apresentada e Epimeteu, que alegremente a aceitou, embora fosse avisado por seu irmão para ter cuidado com Júpiter e seus presentes. Epimeteu tinha em sua casa uma caixa, na qual guardava certos artigos nocivos, aos quais ainda não tinha recorrido enquanto preparava o homem para sua nova morada. Pandora foi tomada por uma impaciente curiosidade de conhecer o conteúdo desse caixa e, certo dia, abriu a tampa para ver o que havia lá. Imediatamente, escaparam dali miríades de pragas sobre os homens – tais como a gota, o reumatismo e a cólica para o seu corpo, e a inveja, o despeito e a vingança para o seu espírito -, que se espalharam para longe e por toda parte. Pandora apressou-se em colocar a tampa de volta sobre a caixa, mas, infelizmente, o conteúdo inteiro já havia escapado, tendo apenas restado uma única coisa no fundo dela, a esperança. Então vemos hoje que, embora haja tantos males, a esperança jamais nos abandona; e, enquanto a tivermos, nenhuma soma de outras enfermidades pode nos fazer inteiramente desgraçados.



Outra história diz que Pandora foi enviada em boa-fé, por Júpiter, para abençoar o homem; que havia recebido uma caixa, com os seus presentes de casamento, nos quais todos os deuses haviam inserido suas dádivas. Pandora abriu a caixa inadvertidamente e todas as dádivas escaparam, com exceção da esperança. Essa versão parece mais provável que a primeira; pois como poderia a esperança, que é tão preciosa quanto uma jóia, ter sido mantida dentro de uma caixa cheia de todos os tipos de males, como na primeira hipótese?”

O Texto acima foi retirado do livro: O Livro da Mitologia – Histórias de Deuses e Heróis, de Thomas Bulfinch.

É impossível não compará-lo à história de Adão e Eva.
Obs. Foto: "Pandora abre a caixa", de Walter Crane (site: http://artfiles.art.com/images/-/Walter-Crane/Pandora-Opens-the-Box-Illustration-for-The-Greek-Mythological-Legend-Published-in-1910-Giclee-Print-C12066627.jpeg)

terça-feira, 27 de maio de 2008

“Assim Falou Zaratustra” – Primeiras impressões.

Assim falou Zaratustra é um livro muito bonito escrito em quatro partes pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche. A primeira parte deste livro foi escrita em fevereiro de 1883 e tomou apenas 10 dias do tempo de Nietzsche ; em julho do mesmo ano, escreveu a segunda parte, também em 10 dias; em janeiro de 1884, a terceira parte; e um ano depois, a quarta e última parte. O livro é uma obra-prima da literatura universal e da filosofia, e também considerada a magnum opus dos escritos de Nietzsche.

Como não devia deixar de ser, a primeira vez que tomei conhecimento de Nietzsche foi assistindo a um episódio de Jornada nas Estrelas, onde fez-se uma breve referência a ele usando uma de suas famosas citações: “a humanidade é algo a ser superado.” O episódio falava sobre a criação de pessoas superiores – até acho que nas últimas dezenas de anos já devemos ter ouvido falar nisso várias vezes, não é? A partir daí, comecei uma extensa pesquisa até chegar ao tal livro – Assim Falou Zarastustra - fonte da referida citação. Devo confessar: fiquei impressionadíssimo com a obra, e levando em conta que estou somente na primeira parte do livro!

Nietzsche foi um filósofo prático, muito inteligente, com livros de conteúdo significativo, cuja obra e pensamento refletem sobre a vida e o comportamento humano e que valem para toda a eternamente, pois abordam verdades universais.

Quando leio um livro desse porte não gosto muito de conhecer antecipadamente as idéias de outras pessoas sobre tal entendimento, não antes de acabar o livro e ter minha própria opinião sobre o assunto. Acho essa técnica muito interessante para que eu mesmo possa tirar minhas próprias conclusões sobre o assunto sem me “contaminar” com outras opiniões. Feita a leitura, já posso então comparar o que achei do livro com a opinião de outras pessoas, os ditos exegetas. Mas o Zaratustra não é tão fácil assim de ler e acabei fazendo uma pequena pesquisa paralela sobre Nietzsche, sua vida e seus escritos. E antes que eu mude de opinião deixe-me postar aqui o que eu achei do livro.

Você vai encontrar na internet centenas de links falando sobre Nietzsche e seus trabalhos, vou até deixar alguns aqui, no final desta postagem, apenas para referência. Não é minha intenção falar sobre filosofia ou sobre a vida dele, pois nem tenho conhecimento para tal, vou apenas deixar registrado a minha visão inicial de como é uma pessoa leiga em filosofia ler um livro dele, as dificuldades, as belezas, os ensinamentos e tudo mais que der para passar. Antes de falar sobre essa primeira parte do Zaratustra, vamos a uma pequena biografia de Nietzshe, ah...não se preocupe, com o tempo, você aprenderá a escrever o nome dele.

Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em 15 de novembro de 1844 em Roccken, Alemanha e veio a falecer em 25 de agosto de 1900, em Weimar, Alemanha. Sua infância foi conduzida de acordo com a formação religiosa de seu pai, um pastor luterano, mas na adolescência acaba se desvinculando da sua fé e entra para o curso de filologia na Universidade de Leipzig. Aos 25 anos é nomeado professor de filologia na universidade de Basiléia. Ao longo dos 10 anos seguintes, durante o ofício da docência, desenvolve sua acuidade filosófica. Importantes influências em sua vida foram a leitura de Schopenhauer, o contato com o pensamento grego antigo, a sua amizade com Richard Wagner, o seu trabalho como enfermeiro voluntário na Guerra Franco-prussiana, entre outras. Em 1879 abandona o posto de professor em função de sua saúde precária e começa então a viver de cidade em cidade a procura da cura de sua doença e onde se dedica intensamente a sua filosofia. Em 1882 apaixona-se por uma jovem russa da qual nega-lhe um pedido de casamento, mas permanece uma grande amizade entre ambos. Em fevereiro de 1883 cria a primeira parte do livro Assim falou Zaratustra – Um livro para todos e para ninguém. Nietzsche continua a escrever em ritmo crescente e em janeiro de 1889 tem uma crise mental. Fica, a partir de então, até sua morte, sob a tutela da mãe e da irmã.

Certamente você irá encontrar muitos estudos e biografia de Nietzsche, que falam sobre sua vida detalhadamente, sua obra, suas influências, seu pensamento. A idéia aqui é apenas uma abordagem geral desse filósofo notável.

Para situá-lo dentro da história vamos a algumas datas e fatos importantes:

A Guerra Franco-prussiana:
Bismarck, a união dos estados alemães e a queda de Napoleão III. A Guerra Franco-Prussiana remodelou a Europa e preparou o caminho para a Primeira Guerra Mundial.A Guerra Franco-Prussiana desenrolou-se de 19 de Julho de 1870 a 10 de Maio de 1871, tendo como adversários o Império Francês e o Reino da Prússia. O conflito marcou a culminação das tensões entre as duas potências após o crescente domínio da Prússia sobre a Alemanha, na época ainda uma federação de territórios quase que independentes. Esta guerra sinalizou o crescente poderio militar e o imperialismo da Alemanha. Foi provocada por Otto von Bismarck, o chanceler prussiano, como parte do seu plano de criar um Império Germânico unificado.

A Origem das Espécies:
(nome completo: "Sobre a origem das espécies através da selecção natural ou a preservação de raças favorecidas na luta pela vida", tradução de On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life) foi um livro escrito pelo naturalista britânico Charles Darwin. É um dos livros mais importantes da história da Biologia. Nele, Darwin propõe a teoria de que os organismos vivos evoluem gradualmente através da seleção natural.O livro foi publicado pela primeira vez a 24 de Novembro de 1859, esgotando rapidamente e criando uma controvérsia que ultrapassou o âmbito académico, ao chocar com a crença religiosa na criação, tal como é apresentada na Bíblia, no livro de Gênesis.

Iluminismo:
Este movimento surgiu na França do século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, esta forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade. Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. A apogeu deste movimento foi atingido no século XVIII, e, este, passou a ser conhecido como o Século das Luzes. O Iluminismo foi mais intenso na França, onde influenciou a Revolução Francesa através de seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade. Também teve influência em outros movimentos sociais como na independência das colônias inglesas na América do Norte e na Inconfidência Mineira, ocorrida no Brasil. Para os filósofos iluministas, o homem era naturalmente bom, porém, era corrompido pela sociedade com o passar do tempo. Eles acreditavam que se todos fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais a todos, a felicidade comum seria alcançada. Por esta razão, eles eram contra as imposições de caráter religioso, contra as práticas mercantilistas, contrários ao absolutismo do rei, além dos privilégios dados a nobreza e ao clero.

Totalitarismo
Os regimes totalitários nasceram em uma época em que o capitalismo passava por uma crise. Após a 1ª Guerra Mundial, veio a crise de 1929 nos Estados Unidos, que havia crescido economicamente com a guerra, até a crise conhecida como a grande depressão.Com o capitalismo em crise, tendo seus conceitos questionados, houve o surgimento de um regime que procurou ter um estado forte para que não houvesse transformações. A liberdade de pensamento deu lugar à censura e à repressão.O totalitarismo ocorreu em alguns países, cada um com seu nome, mas com as mesmas características.


Sobre Assim Falou Zaratustra.

Tenho certeza, que se você procurar na internet, encontrará muitos links falando sobre quem realmente foi Zaratustra, sobre as divisões do livro e sobre o conteúdo filosófico desenvolvido pelo autor ao longo de suas páginas, bem como uma bibliografia detalhada de Nietzsche. Eu, em poucas palavras, não conseguiria falar nada aqui sobre tudo isso, e entendo que quanto mais leio sobre ele e suas obras, mais coisas tenho a aprender: é um mundo a parte e certamente ainda vou me aventurar pelo restante de suas obras e sua vida como filósofo. Portanto, vou registrar aqui, tão somente as impressões iniciais que tive, impressões de um leigo em filosofia, sobre a primeira parte do livro Assim Falou Zaratustra, pois ainda estou lendo as demais partes.

Se você espera uma história coerente dentro do livro, não irá encontrá-la. A obra é escrita de tal forma que você, após ler o preâmbulo, poderá lê-la a partir da parte que melhor lhe aprouver. Nietzsche tem uma forma muito peculiar de escrever. São parágrafos curtos, com frases inteligentes, e completamente fragmentadas. O livro só se torna coerente como uma unidade, pelo menos essa foi a impressão que tive. Não é um livro que conta uma história, com inicio, meio e fim. É uma obra de filosofia, escrita de uma forma muito inteligente, onde um personagem, o Zaratustra, representando um sábio, desce de sua montanha para anunciar a chegada de um novo homem: o super-homem. Inicialmente ele prega os seus ensinamentos para o povo, depois ele prega para seus discípulos e finalmente ele prega para algumas pessoas que se dispõe a ouvi-lo. A temática do livro gira em torno de o Homem, tal qual o conhecemos, ser um ser em evolução, ou seja, ele seria “uma corda distendida entre o animal e o super-homem”, segundo a visão de Zaratustra-Nietzsche. Se você simplesmente começar a ler o livro, sem qualquer espécie de preparo, correrá o risco de não entender muito bem a mensagem que Nietzsche quer transmitir. Foi muito útil para mim, poder ler um pouco sobre os fatos históricos que cercaram essa época (séc XIX), tais como o totalitarismo, o iluminismo, a guerra franco-prussiana, e a mudança de paradigma da origem do homem, com o lançamento do livro A Origem das Espécies (Charles Darwin), com os links indicados acima. Assim feito, foi possível entender um pouco mais sobre as idéias desenvolvidas neste livro.

A primeira impressão que tive foi tratar-se de uma auto-biografia, pois há muitas passagens na primeira parte do livro, que dão a entender tratar-se do próprio Nietzsche, tais como o fato de Zaratustra precisar se afastar da sua pátria por 10 anos, tal qual fez Nietzsche, quando se afastou de seu oficio por motivos de saúde e saiu a vagar por várias cidades; ou o fato de Zaratustra ser um sábio que estava acima de muitas pessoas em seu conhecimento, pois Nietzsche também entendia muito bem a sociedade e o ser humano, pois foi um grande estudioso de várias obras do pensamento, e talvez ele se considerasse acima da média do pensamento da época. O fato de Zaratustra pregar a morte de Deus reflete o seu afastamento da religião e também o fato de ele pregar a vinda de um super-homem, reflete sua influência pelo Darwinismo, em minha opinião. Em Do novo ídolo, ele faz uma crítica explícita ao Estado. Zaratustra prega sobre a mulher, sobre Deus, sobre a castidade, sobre os amigos, sobre o povo, sobre o casamento, sobre tudo um pouco. Nietzsche expõe suas idéias e pensamentos a cerca do mundo em que vive e de sua crença em um ser melhor através dos ensinamentos de Zaratustra e fala em uma linguagem cheia de sabedoria, tentando reconhecer as virtudes necessárias em cada um desses tópicos, ou seja, tentando mostrar o que seria necessário para que o homem comum tornar-se um super-homem. Ele se mostra como um anunciador desse homem melhorado, que ainda estaria por chegar.

Eu, ao ler essa primeira parte, tive a impressão de tratar-se de uma autobiografia, pois até ele mesmo reconhece isso quando fala nos escritos sobre Wagner e Schopenhauer. Também Jung diz que Zaratustra é Nietzsche em um simpósio alguns anos após a sua morte, mas quando você lê um pouco mais sobre sua vida, suas influências, sua época e outros de seus livros, essa impressão acaba dissipando-se. Suas idéias vão muito mais além do que uma autobiografia, mas claro, deixando traços de sua personalidade por toda sua obra.

Sobre sua maneira de escrever.

Algumas obras atingem um grande número de pessoas, pois possuem uma linguagem simples de entender, com frases pequenas e acessíveis a uma grande parcela da população e versam sobre temas pouco complexos e que mexem com a imaginação da maioria das pessoas: seriam os livros de Paulo Coelho um exemplo? Outras obras exigem um pouco mais de instrução e interesse e atingem uma parcela um pouco menor, e são para um público mais seleto. Mas algumas obras são realmente fascinantes: exigem um leitor atendo e estritamente seleto. Eu considero o livro de Nietzsche - Assim Falou Zaratustra, para esse último grupo de leitores. Segundo suas próprias palavras: “Os figos caem das árvores: são bons e doces; e conforme caem assim se lhes abre a vermelha pele. Eu sou um vento do Norte para os figos maduros.” Parece óbvio que sua mensagem não é para todos, apenas para as pessoas mais “maduras”, tanto para os figos, quanto para os seguidores de Zaratustra, quanto para os leitores de Nietzsche, ao meu ver.

O livro tem muitas palavras e muitos assuntos desconexos tornando-o uma leitura muito difícil. Eu, por exemplo, quando li Das Três transformações, de cara não entendi muito bem a diferença entre o camelo, o leão e a criança, mas foi necessário mais duas ou três leituras atentas para entender a mensagem que ele transmite naquela passagem, é difícil mas não impossível, e o livro é tão extraordinário, que quanto mais você o lê, mais você vai entendendo o sentido que ele procura dar as suas frases. Ele costuma escrever também usando os aforismos, que são sentenças curtas que concentram um conceito de significado universal, ou seja, em algumas frases você tem o conteúdo filosófico de toda uma idéia: seu pensamento fica eternizado nessas citações. Na postagem que faço logo abaixo, aqui mesmo no blog, sintetizo as principais citações de Nietzsche da primeira parte de Zaratustra, que dá uma pequena idéia do uso de aforismos por Nietzsche e uma das citações que mais me chamam a atenção é esta que segue: “É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.” Veja que pensamento profundo é este, e ele nos rodeia o tempo todo e nem percebemos. Aprendi nos tempos de faculdade, por exemplo, na cadeira de psicologia, que numa crise, o individuo passa por quatro fases, onde a primeira, evidentemente é a negação e que a seguir ele irá passar sistematicamente por outras fases, aceitando seu problema, até chegar à superação (última fase), mas ele precisa chegar ao fundo do poço para retornar renovado e é exatamente isso que Nietzsche diz com aquela frase; ou, então, a mãe que diz para alguém: - deixe ela chorar bastante que isso ajuda!; ou então algo como uma grande criação que nasce de uma tristeza profunda, tal qual uma matéria que tenho citada aqui mesmo no blog chamada: A grande arte e a dor

É preciso saber extrair das entrelinhas de sua obra toda a maestria deste artista: é um estilo diferente, é uma escrita inteligente e Zaratustra é o caminho para vários outros de seus livros.

Uma passagem bastante interessante citada por Simone Azevedo diz o seguinte:

“E mais, Nietzsche pede leitores que possam traí-lo, não quer seguidores, detesta rebanhos que vão atrás de um pastor e tem horror ao espírito gregário que caracteriza o nosso mundo contemporâneo.

Retribui-se mal o mestre permanecendo seu aluno. Se quem lê não se torna um mestre, se não toma o seu caminho, isso significa que não aprendeu a andar sozinho, por conta própria. Com relação a isso dizia Zaratustra: Então, vos ordeno que me percais e que vos encontreis!” um dos mais profundos ensinamentos de Nietzsche (NA. ...e eu concordo plenamente).

Assim, seu texto é complexo exigindo um certo esforço de quem lê, com certas nuances e contradições que são verdadeiras desafios para o pensamento, uma vez que ele exige do leitor que este pense uma pluralidade de perspectivas contrariando o nosso gosto pelas redundâncias.

A maioria dos fragmentos com os quais nos deparamos possui uma série de inflexões: aparecem aspas que colocam a palavra ou o conceito sob suspeita, a pontuação é enfática, e nada disso é gratuito. Esta característica faz parte de toda a sua obra.”

Sobre a vinda do super-homem.

De onde Nietzsche tirou essa idéia de super-homem?

Não sei realmente, mas posso fazer algumas suposições, baseado apenas em minhas leituras preliminares.
Certamente Nietzsche teve algumas influências para escrever este livro, mas segundo minha ótica, uma obra que deve tê-lo marcado profundamente foi Crime e Castigo, de Dostoievski (1866), pois quando vi uma resenha do livro fiquei admirado com o tema, pois trata da tríade: culpa, castigo e redenção, ou seja, tudo que prega a igreja católica, da qual Nietzsche se mostra avesso e de onde saiu a expressão: “Se Deus não existe, tudo é possível”. Essa idéia de um homem solitário, sem Deus, fazendo justiça com as próprias mãos e vivendo em função apenas de seus ideais, tem tudo a ver com o populismo russo do século XIX o qual gerou uma série de heróis anarquistas. Mas o herói de Nietzsche não é castigado nem precisa de redenção, pois ele é um ser evoluído e cria sua própria moral, pois se Deus não existe, o super-homem tem que ser um criador. Esse super-homem não se confunde com aqueles dos quadrinhos criado em 1933 por Jerry Siegel e Joe Shuster, para “resolver” o problema da Grade Depressão de 1929 nos Estados Unidos. O super-homem de Nietzsche, que na verdade é um “além-homem”, é uma pessoa comum, que possui uma série de qualidades de um homem evoluído, alguém com virtudes além das dos homens normais. Eu tenho a nítida impressão que há uma clara referência às teorias de Charles Darwin sobre evolução. Para Darwin, o homem atual é fruto de uma série de melhorias incorporadas ao seu organismo através de um processo evolutivo, onde apenas os mais aptos passam adiante esses melhoramentos. O super-homem de Nietzsche também é fruto de melhoramentos, mas não de características físicas, mas sim de suas virtudes. Eu tenho até um texto antigo falando sobre a evolução das virtudes do ser humano: Filosofia da Maria sobre a vida, o universo e tudo mais.

Essa necessidade de um ser humano melhor deve ter recebido influências da “degeneração” da sociedade daquela época em virtude do movimento chamado iluminismo, entre outras razões. Havia uma cada vez mais crescente vulgarização do saber, inclusive o super-homem de Nietzsche veio a sofrer uma vulgarização também com a onda dos super-heróis em quadrinhos que se espalhou pela América do Norte, alguns anos mais tarde, após sua morte. Afinal, num mundo cada vez mais perigoso, estamos sempre precisando de “alguém para nos defender”.

Outro dia, passando meio que rápido em frente a minha TV, acabei assistindo o finalzinho de um filme chamado “V de Vingança” cuja máscara do ator do filme já logo me chamou a atenção e até acabei gostando da mensagem passada por este filme. Apanhei-o então na locadora e acabei assistindo novamente: uma mensagem muito interessante, sobre como o ser humano está se tornando ignorante novamente, apesar dos avanços tecnológicos e como se dá o controle estatal sobre a população: cria-se um estado de perigo (que na verdade não existe) e depois promete-se a salvação. Eis que surge então um super-herói para abrir os olhos do povo. Esse super-herói nada mais é do que o super-homem de Nietzsche, que reúne todas as condições para tal: é um ser que está acima da moral tradicional, que é forte, que cria suas próprias leis, que é culto e instruído, que quer seguidores e espera que eles “amadureçam”, tal como o fez com a heroína do filme e com o inspetor. Vejam o filme, que sua mensagem é ótima e daria até para escrever um texto aqui no blog sobre esse assunto: a inquisição está de volta.

Bem, eu poderia escrever muito aqui no blog sobre Zaratustra, sobre Nietzsche, sobre a influência de sua obra em nossa vida cotidiana e assunto é que não falta, e isso apenas com a primeira parte do livro que já li. Os entendidos que me desculpem, mas os escritos aqui no blog são apenas uma visão pessoal que tive do pouco que li e sei que muito ainda pode ser comentado ou mesmo corrigidos e eu agradeceria enormemente se houvesse comentários aqui a esse respeito. Tudo vem a acrescentar e nos engrandecer.

Voltando agora à Jornada nas Estrelas, acabei descobrindo exatamente o que se quis dizer no episódio com a frase: “A humanidade é algo a ser superado”, e fui bem além. E como já dizia A. Einstein, “A mente que se abre a uma nova idéia, jamais volta ao seu tamanho original”.

Links de referência:

http://www.zaz.com.br/voltaire/artigos/nietzsche_pensamento.htm#inicio
http://www.mundodosfilosofos.com.br/nietzsche.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Nietzsche
http://pt.shvoong.com/books/philosophy/256380-assim-falou-zaratustra/

http://www.cienciaefe.org.br/JORNAL/ed90/mt07.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Super-Homem_(filosofia)
http://pt.shvoong.com/humanities/1707052-anti-super-homem/
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/cjornalista/gd011206.htm
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/nietzsche_super_homem.htm
http://paginas.terra.com.br/arte/dubitoergosum/editor27.htm


Citações de Nietzsche.

Seguem abaixo as principais citações usadas na primeira parte do livro Assim Falou Zaratustra, de Friedrich Nietzsche:

1- O homem é um rio turvo. É preciso ser mar para, sem se toldar, receber um rio turvo.

2- Uma virtude é mais virtude do que duas.

3- É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.

4- Quem dá comida ao faminto reconforta a sua própria alma.

5- ...deixar brilhar a nossa loucura para zombarmos da nossa sabedoria.

6- Aquele que conduz a suas ovelhas ao prado mais viçoso, para mim será melhor pastor.

7- Prefiro pouco ou má companhia; mas é necessário que venha e se vá embora no momento certo.

8- Nunca viste uma virtude caluniar-se e aniquilar-se a si mesma? O homem precisa ser superado. Por isso necessitas amar as tuas virtudes, porque por ela morrerás.

9- O que sucede à árvore sucede ao homem. Quanto mais se quer erguer para o alto e para a luz, mais vigorosamente enterra suas raízes para baixo, para o tenebroso e profundo: para o mal.

10- (Mancebo) Eu me transformo muito depressa: o meu hoje contradiz o meu ontem. Com freqüência salto degraus quando subo, coisa que os degraus não perdoam. Quando chego em cima, sempre me encontro só.

11- Os teus cães selvagens querem ser livres; ladram de prazer no seu covil quando o teu espírito tende a abrir todas as prisões. (Quando você alcança vôos maiores, você abre as portas, tanto do bem, quanto do mal.)

12- Não é possível estar calado e permanecer tranqüilo se não quando se tem flecha no arco.

13- Quem pouco possui tanto menos é possuído. Bendita seja a nobreza.

14- Nunca a verdade pendeu do braço de um espírito absoluto.

15- As fontes profundas precisam esperar muito para saber o que caiu na sua profundidade.

16- Com gentileza a vil sensualidade sabe mendigar um pedaço de espírito quando se lhe nega um pedaço de carne.

17- Se se quiser ter um amigo, é preciso se guerrear por ele; e para guerrear é mister poder ser inimigo.

18- É preciso honrar no amigo o inimigo.

19- No amigo deve ver-se o melhor inimigo.

20- Pela avaliação que se dá o valor; sem a avaliação, a noz da existência seria oca.

21- A mudança dos valores é mudança de quem cria.

22- O tú é mais velho do que o eu; o tú acha-se santificado, mas o eu ainda não. Por isso o homem anda diligente atrás do próximo.

23- Não só mente o que fala contra a sua consciência, mas sobretudo o que fala com sua inconsciência.

24- É preciso saber ser uma esponja quando se quer ser amado por corações exuberantes.

25- Eu não vos aconselho o amor ao próximo; aconselho-vos o amor ao mais afastado.

26- Existem tantos pensamento grandes que apenas fazem o mesmo que um fole. Incham e esvaziam.

27- O solitário estende depressa demais a mão a quem encontra.

28- Há homens a quem não deves dar a mão, mas tão somente a pata, e além disso quero que a tua pata tenha garras.

29- O pior inimigo, todavia, que podes encontrar, és tu mesmo.

30- O teu caminho passa por diante de ti e de teus sete demônios: serás herege para ti mesmo, serás feiticeiro, adivinho, doido, incrédulo, ímpio e malvado.

31- Como quererias renovar-te sem primeiro te reduzires a cinzas?

32- Que saberias do amor aquele que não devesse menosprezar justamente o que amava?

33- O verdadeiro homem quer duas coisas: o perigo e o divertimento. Por isso quer a mulher, que é o brinquedo mais perigoso.

34- A felicidade do homem é: eu quero; a felicidade da mulher é: ele quer.

35- Quando foi que o veneno de uma serpente matou um dragão?

36- Até os supérfluos, contudo, se fazem importantes com sua morte, e até a noz mais oca quer ser partida.

37- Uma boca desdentada já não tem direito a todas as verdades.

38- O amor do jovem carece da maturação.

39- Vosso espírito e vossa virtude devem inflamar até a vossa agonia.

40- Assim atravessa o corpo a história, lutando e elevando-se. E o espírito, o que é para o corpo? É o arauto de suas lutas e vitórias, o seu companheiro e o seu ego.

41- Todos os nomes do bem e do mal são símbolos; não falam, limitam-se a fazer sinais. Louco é o que lhes quer pedir o conhecimento.

42- O corpo purifica-se pelo saber, eleva-se com o esforço inteligente: todos os instintos do que pensa e conhece se santificam.

43- A alma do que se eleva alvoroça-se.

44- O homem que pondera não só deve amar os seus inimigos, mas também odiar os seus amigos..

45- Mal corresponde ao mestre aquele que nunca passa de discípulo.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

“Minha mente, sua mente.”

“Influenciar uma pessoa é dar-lhe a nossa própria alma. O indivíduo deixa de pensar com os seus próprios pensamentos ou de arder com as suas próprias paixões. As suas virtudes não lhe são naturais. Os seus pecados, se é que existe tal coisa, são tomados de empréstimo. Torna-se o eco de uma música alheia, o ator de um papel que não foi escrito para ele. O objetivo da vida é o desenvolvimento próprio, a total percepção da própria natureza, é para isso que cada um de nós vem ao mundo. Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o maior de todos os deveres, o dever para consigo mesmos. É verdade que são caridosas. Alimentam os esfomeados e vestem os pobres. Mas as suas próprias almas morrem de fome e estão nuas. A coragem desapareceu da nossa raça e se calhar nunca a tivemos realmente. O temor à sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião, são as duas coisas que nos governam.”. Em O Retrato de Dorian Gray, por Oscar Wilde.

Existe muita sabedoria nas palavras, ditas acima, de Oscar Wilde e é evidente que ele tem razão sobre viver a vida, porém, temos que levar em consideração uma expressão “vulcana” que diz: “minha mente, sua mente”. No universo de Jornada nas Estrelas, do qual eu faço parte, é uma expressão até muito comum e significa que duas pessoas fazem uma espécie de “elo mental”: o que uma delas vê e sente é passada para a outra pessoa que está no elo; seria mais ou menos você vivenciar as emoções de outra pessoa se colocando na mente dela.

Alguns livros que lemos acabam nos criando essa possibilidade devido a riqueza de detalhes, de conflitos ou qualquer que seja o recurso usado pelo autor. Suas histórias nos remetem para lugares e situações que jamais experimentaríamos de outra maneira, fazem-nos sonhar, fazem-nos vivenciar em nossa mente tudo o que se passa dentro daquelas páginas. Por exemplo: li um livro, O Martelo das Feiticeiras, que foi escrito em 1484 por dois inquisidores: Heinrich Kramer e James Sprenger. Ora, esse livro foi, durante quatro séculos, o manual oficial da Inquisição. Ao lê-lo, você se coloca no lugar de um indivíduo que viveu numa época diferente da nossa, com outros valores de moralidade, sexualidade, poder, religião. É um verdadeiro documento. Outros livros fazem você vivenciar alguma história fantástica, ou te levam ao delírio sexual, ou te fazem chorar com o sofrimento de seus personagens.

Um livro também é reflexo de uma época e da vida pessoal de seu autor. As emoções, os fatos, personagens ou conflitos que o autor faz uso refletem o que ele vê em seu mundo real, posso até citar aqui o caso de Nietzsche, que em seu livro, O Anticristo, ou mesmo, Assim falou Zaratustra, prega a construção de um homem menos apegado com a religião, rompendo mesmo com o cristianismo, mas mesmo assim usando em seus discursos uma linguagem profética, tal qual foi sua criação, ou mesmo o querer de um homem melhor, refletindo-se nos horrores da guerra do qual vivenciou um pouco. Nos escritos de Nietzsche, aprendemos a conhecê-lo.

É preciso observar também que sempre existe uma mensagem que é passada para gente através da obra de um autor, seja essa obra um quadro, uma escultura, uma música, filme ou livro. A mensagem pode não ser clara, pode estar nas entrelinhas, ou pode se descoberta mais tarde por um estudioso da obra. Às vezes, é muito difícil descobrir que mensagem é essa: pode ser de esperança, de vingança, de obstinação, de algum sentimento humano. Talvez nem o autor tenha consciência da mensagem, ele pode simplesmente ir contando sua história por que a acha bonita, com inicio, meio e fim, mas que pode vir carregada de valores pessoais, morais, éticos, ou alguma coisa que ele acaba passando para o leitor, ou outro apreciador de uma obra qualquer. Faça uma experiência consigo mesmo e leia o livro: A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, e ao final, tente descobrir qual a mensagem que Kundera quer passar: o amor vence no final? ...o sentimento humano é volátil?... vale apenas lutar por um sonho? Aliás, você irá descobrir que a resposta que você achou é diferente da de um outro colega seu! Claro, seus conceitos de valores e experiências pessoais são diferentes. Ou então tente descobrir o que, por exemplo, eu quero passar para você, meu amigo, com esse singelo texto que escrevo aqui? Cá comigo, eu o estou preparando para falar do livro que estou lendo - Assim Falou Zaratustra, do qual eu vou comentar logo acima, numa próxima postagem, mas provavelmente estou passando a você traços de minha personalidade ou mesmo uma outra mensagem. Cabe a você, leitor atendo, descobrir isso.

A expressão vulcana, logo no início do texto, é proposital, pois gosto de vivenciar com emoção uma fantasia, a fim de que ela possa ficar registrada em minha mente (e agora na sua), fazendo-me sentir como se realmente eu fizesse parte dessa fantasia.