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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Evolução: só os piores sobreviverão.

Tentarei simplificar a Evolução: para criar uma linha de raciocínio, que nos conduza à questão básica do texto.

A criação de uma vida não é uma coisa simples e levou muitos milhões de anos para chegarmos ao que hoje somos: homo erectus. Uma coisa tão complicada assim, ainda bem que viemos com um manual-de-instruções. Existe uma receita de bolo inserida na célula de cada ser vivo, uma receita que nos diz exatamente o que cada parte do nosso corpo deve fazer, ou quando determinados sistemas devem ser ligados e desligados e até mesmo temos uma memória genética, que guarda a informação da história por qual já passamos - espero que ninguém venha a acionar por engano o gene egoísta (MEME) que aciona o nervo que move minha já extinta cauda: detestaria voltar a ser macaco.



Até algumas décadas atrás essa receita era indecifrável e sequer sabíamos que ela existia, mas, hoje, esse manual-de-instrução já começa a ser decodificado (projeto genoma). Cada célula possui em seu núcleo uma cadeia enorme de elementos químicos em certa sequência que vão se alternando e formando códigos. Cada pedacinho desta cadeia informa a uma outra sequência correspondente que é preciso produzir uma certa proteína, enzima, hormônio, enfim, e cada uma dessas substâncias produzidas será responsável por uma característica humana: é assim que nascem nossas características. Mas existem ainda muitas coisas a descobrir nessa sequência, existem muitas sequências não mapeadas e existem pedaços muito longos que não tem utilidade alguma. Algumas sequências estão desativadas e outras estão a espera de ativação e existe muita semelhança entre espécies diferentes.

Essa receita de bolo é transmitida de pai para filho. O filho, quando nasce, contém metade da informação genética pai (23 cromossomos) e mais 23 da mãe. No total, temos 46 cromossomos com informações suficiente para formar um indivíduo completo e charmoso, como é o meu caso. Mas a natureza não é perfeita, ou é, como você verá. Quando a receita é transmitida de pai para filho (na hora do "rala e rola") a recombinação genética pode ocorrer com algum erro a que chamamos de "mutação genética", que inclusive pode ser calculada matematicamente.
Ora, o homem nunca foi superior à natureza e sempre viveu em equilíbrio com seu habitat. Seu estilo de vida e suas características genéticas sempre foram influenciadas pelo local onde viveu, tanto o homem quanto qualquer outra espécie.
Imaginemos a seguinte situação: uma espécie, o homem, vivendo numa região, sem sair dali (não havia avião há 900 mil anos). Não havia televisão tão pouco, o que ele fazia? de dia, caçava, e à noite, comia a caça: muita reprodução sexuada...assexuada para outros infelizes. E ia levando a vida. Com tantos filhos sendo gerados a receita de bolo (código genético: DNA), às vezes, saía com algum errinho. Um errinho significa uma sequência errada de aminoácidos dentro da cadeia de DNA. Essa sequência errada produzia uma proteína diferente, que implicaria em uma característica diferente no corpo. Essa característica diferente poderia ser boa ou ruim para a sobrevivência do individuo (espécie) tornando-o mais ou menos apto a sobreviver. Se fosse ruim o individuo morreria não gerando mais filhos: a geração acabaria aí e a característica sumiria da espécie, são os indivíduos geneticamente fracos. Se a característica fosse boa, isto é, favorecia na procura pelo alimento, procriação, proteção, etc, seria incorporada na receita de bolo e passaria à geração seguinte pelo processo cruel da procriação. E com isso fomos sofrendo sucessivos upgrades até chegarmos ao que somos hoje, ou seja, Fernandinho Beira-mar: os mais aptos sobrevivem.

Entre 1831 e 1836, Charles Darwin, viajando pela América do Sul no seu Beagles, e observando certas espécies nativas, constatou tudo isso e relatou no seu mais famoso trabalho, que foi uma obra conjunta com Alfred Russel Wallace: A Origem das Espécies (1858). Você encontrará no site (http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=21789&op=all) e (http://www.darwinproject.ac.uk/) mais de 2000 cartas enviadas por Darwin aos seus amigos. Seria bom dar uma olhada nessas cartas e imaginar o que se passava na cabeça desse homem naquela época.
A seleção natural de Darwin é isso: uma espécie, no caso, o homem, se adapta à região em que habita interagindo de uma forma bem estruturada com o ecossistema local (flora e fauna). Através de várias gerações os indivíduos vão sofrendo mutações e os melhores adaptados sobrevivem ao meio, os não-adaptados morrem e extinguem a linhagem que tem uma característica ruim.

Um exemplo disso são os índios plenamente adaptados a viverem na mata. adquirem doenças que são proveniente daquele local, mas também têm a cura provinda dali mesmo. Qualquer elemento estranho ao ecossistema vai desequilibrá-lo. Certos macacos da África são resistes ao vírus Ebola ou à AIDS, pois fazem parte de um ecossistema. Quando o vírus saí ou quando o homem entra, aí temos os problemas: ao destruir florestas estamos matando a chance de descobrirmos a cura para muitas doenças.
Acontece, que a natureza não amedronta mais o homem bem como este também não está mais fixo a uma única região. Então, muito rapidamente, ele está adquirindo doenças contra as quais não tem qualquer tipo de resistência e em um espaço de tempo cada vez mais curto. Estamos também interferindo negativamente e muito rápido em nosso ecossistema alterando drasticamente, clima, flora e fauna. Em vista disso observamos alguns absurdos dos quais somos responsáveis:

1) Mariposas de asas escuras (Biston betularia), geneticamente fracas, não sobreviviam, pois contrastavam com o meio ambiente e eram eliminadas na cadeia alimentar. Com a poluição, os troncos das árvores, seus ecossistemas, ficaram escuros, camuflando então essa espécie geneticamente fraca. Ela sobreviveu. (http://sti.br.inter.net/rafaas/biologia-ar/teoria.htm).

2) O homem começou a caçar 2 espécies geneticamente fortes: carneiro canadense (Ovis canadensis canadensis) de chifre completo e elefante de presa longa (http://www.forestryimages.org/browse/detail.cfm?imgnum=3970016), com isso, a espécie geneticamente fraca, poupada, passou a sobreviver.

Ole Eichhorn, em seu livro, ainda não publicado, fala o seguinte:

"Uma vez, as pessoas mais ajustadas e espertas eram aquelas que tinham filhos. Seus filhos eram ajustados e espertos e cada geração era mais esperta que a última. Mas isso parou de acontecer há muito tempo e hoje em dia, pessoas menos ajustadas e menos inteligentes estão tendo filhos. Seus filhos não são tão ajustados e nem tão espertos, e cada geração é cada vez menos inteligente. Isto é a seleção não-natural."
Hoje as pessoas tem menos filhos, alguns fazem até questão de nem ter, adotam para isso, pois não tem aquela real intenção de proteger a prole, passa a ser um status, como de fazer um bem para a humanidade. A acumulação de bens supera tudo e a educação de uma criança se dá enfrente a um computador ou uma TV. O status é imperativo. Loucos conduzem a política mundial.
Não seria essa uma seleção natural também? pois sabemos que para sobreviver é preciso ser forte e aniquilar a ameaça a sua volta. Ora, o homem mata, rouba, se prostitui e faz guerra por muito anos, e mesmo assim estamos aí! Não seria este extinto ruim que nos faz sobreviver? Serão estes, os "geneticamente fracos" que sobreviverão no final?

Os dois exemplos a seguir ajudam a elucidar melhor a questão da seleção não-natural (retirei do site: http://www.pedroivo.com/high5five/2007/05/13/o-ser-humano-parou-de-evoluir/):

1) Um menino que nasce com leucemia é um individuo geneticamente fraco. Se o homem não interferisse provavelmente ele não sobreviveria e não haveria uma linhagem defeituosa. Não haveria gerações posteriores. Com o tempo, essa doença desapareceria da população (seleção natural: o menos adaptado não gera descendentes). Mas com os avanços da medicina ele sobreviverá e essa doença permanecerá em nossa população, pois ele terá filhos, provavelmente com a mesma doença genética.
2) Uma mulher engravida mas tem uma doença genética que impede uma dilatação do canal do parto. Provavelmente ela e o filho morreriam no parto e com o tempo essa doença seria extinta na população, pois são indivíduos geneticamente fracos. Novamente, com a interferência de nossa medicina, essa linhagem permanecerá ativa.

Nos dois exemplos acima podemos perceber que os indivíduos geneticamente fracos foram salvos e suas linhagens permanecerão ainda por muito tempo na linha da evolução. Provavelmente, com o avanço da genética esses defeitos serão corrigidos e os indivíduos retornarão para a linhagem normal de indivíduos geneticamente fortes para essa caracteristica: a doença será curada, ou seja, extinta.

Mas vamos analisar por um outro ângulo.

As mutações genéticas ocorrem naturalmente na população de várias maneiras diferentes (http://origins.swau.edu/papers/evol/marcia3/defaultp.html) e como já disse anteriormente, é possivel até calcular matematicamente essa frequência. Com isso, novas características vão sendo incorporadas a uma população. Mas, novamente o homem está interferindo nessa lógica natural. A nanotecnologia e a bioengenharia já dão ao homem condições de alterar a sequência genética do DNA, mundando ou incorporando novos códigos e dando origem a novas características a determinadas espécies, como é o caso dos transgênicos. Num futuro bem próximo poderemos curar doenças genéticas varrendo do mapa características geneticamente fracas trazendo os indivíduos para uma linhagem normal da evolução.

Alterando a sequência genética estamos influenciando na frequência natural das mutações genéticas, acelerando-as em muito, até sumirmos com caracteristicas geneticamente fracas, mas podemos também introduzir novas fraquezas ou indivíduos com características totalmente novas que não correspondem em nada com uma sequência evolutiva coerente com o meio onde vivem (segundo essa teoria poderíamos tranquilamente criar alguns "X-men" ou alguns "Heroes"). Devemos levar em consideração que a natureza leva milhões de anos para fazer essas modificações, porque leva em consideração todo o ambiente que existe a sua volta. O que o homem está fazendo é dar "tiros no escuro", ou seja, para corrigir um problema ele cria muitos outros, que provavelmente não saberá corrigir, principalmente por que ele não altera toda a corrente, mas apenas um elo. Ou seja, estamos nos isolando dentro do ecossistema, nos tornando predadores ferozes, sozinhos, espécies únicas, que não conseguem viver com outras, com linhagens geneticamente imperfeitas, mal-adaptadas ao meio onde vivem e em busca cada vez mais de espaços para viver melhor: aliás, essa não é a definição para um vírus: se apodera de um hospedeiro, usa o seu material para se reproduzir, destrói esse hospedeiro e depois procura outro lugar para destruir?

Às vezes eu me pergunto no que estamos nos transformando?
Será que nossa natureza não é sermos agressivos, fortes, egoístas. Indivíduos assim são mais propensos a sobreviver.

2 comentários:

Anônimo disse...

ERAM OS HOMENS GAFANHOTOS?
THODORO A. PRADO 19/02/2009 08:14:26
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Lembram-se do filme "Eram os Deuses Astronautas?". Apesar de ser
particularmente a favor de preservar a Natureza isto não significa que acredito
que vá vencer esta guerra. Luto pelo que acredito, morro pelo que acredito, mas
o que tenho visto é sim, o barco ser remado em mão contrária.Não vemos
efetivamente os Governos acreditarem nesses ideais, e quando não vemos o poder
que "pode tudo" ajudar à causa, é sinal que tudo vai mau.Pessimista de
minha parte? Não, acredito no que estou vendo. A população mundial vem numa
tendência de crescimento, certo? Se isto não for alterado, qual será esta
população daqui a 500 anos por exemplo? Então? Aonde vamos ocupar o planeta?
Ocupar significa o que? Derrubar para plantar, para matar a fome, etc , etc,
etc..Não podemos ser hipócritas, já estamos fazendo incursões espaciais,
para que?, pergunto !!! A humanidade ainda não se deu conta que não devemos
temer uma invasão de seres "extraterrestres", pois na verdade somos
nós os invasores que vamos destruir este e outros planetas que possam ser
habitados. Tudo parece ser uma questão de tempo. Lógico que tudo isto é
ficção mas é na ficção que a intenção humana viaja o espaço e tempo.
Peguem os filmes e livros de ficção e observem se não caminhamos nessa
direção?!!! Não há lugar para a conservação e sim para a substituição
neste mundo em que as pessoas já nem se olham mais para se conversarem. Se
contasse ao meu bisavô que ele teria que pagar o esgoto que ele produzia a um
determinado órgão, o que ele diria? Pois é, e você acha super normal, não é?
Coisas do futurismo!!! Para mim está claro: ou a humanidade sucumbe em favor da
natureza, ou não precisamos nos penalizar pois o universo tratará de criar
outras delas em algum lugar.Do fundo do meu coração, muito amor, e que
continuemos a acreditar em uma solução possível ao que sobrar, pois parte já
perdemos.

Anônimo disse...

Isto que você falou acompanha qualquer pessoa que gosta e segue o progresso científico; mas nem só de ciência vive o Homem. Para não bitolar-me, passei a ler um pouco de filosofia também, e olhe amigo (a)... tudo se encaixou! A ciência explica as Coisas, a filosofia explica o Homem. Acho que um pouco de filosofia irá amenizar um pouco suas dúvidas. Mas em síntese, o Homem é o que é, domina tudo que está a sua volta, é mau por natureza (mau...diga-se nas entrelinhas: forte, para sobreviver frente aos desafios cada vez maiores que ele próprio cria). Andamos em círculos. Se você estudar a Grecia Antiga, o Egito, A Idade Média, Renascimento, verá que a cada era obscura segue-se outra mais criativa. Estamos saindo agora da era de grande miniaturalização eletônica para entrar na escuridão do culto à tecnlogia, ou seja, acreditamos tudo que é tecnológigo, simplesmente porque é um milagre o que um chip pode fazer; e acreditamos nisso sem questionar, basta ser postado no youtube: estamos emburrecendo.

Obrigado pelo comentário.
George Kieling