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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Voando além das fronteiras.



O "apagão aéreo" já não é mais notícia, mas agora que tenho o espaço no blog, vou postar esse pequeno texto, um tanto técnico por sinal, que estava escondido nas entranhas de meu computador.

O tráfego aéreo nas principais rotas domésticas de muitos países e nas rotas internacionais caminha rapidamente para uma saturação em vista da relativa facilidade com que mais e mais pessoas se utilizam desse sistema e com consequente aumento do número de aeronaves nos céus.



Em vista disto já há planos de modernização do sistema com a implantação de um novo sistema de controle de trafego aéreo. Esse controle está cada vez mais se tornando globalizado e os países já estão se preparando para cumprir as novas diretrizes que estão sendo delineadas. Mas a modernização ainda esbarra num fator fundamental: a soberania nacional. Para se adequar ao novo sistema muitos países terão que abrir mão de parte de sua soberania e terão que ficar a mercê do controle de um organismo internacional, que a principio, é dito neutro, e que será regulador do tráfego aéreo mundial.

Muito se tem falado sobre o controle do espaço aéreo, principalmente no Brasil, em vista dos últimos acidentes aéreos e as sucessivas crises no sistema aeronáutico. A OACI (Organização de Aviação Civil Internacional) já prepara há alguns anos uma modernização no sistema de controle aéreo. Atualmente o controle é feito observando o principio da "linha de visada", qual seja, os órgãos de controle do espaço aéreo só conseguem controlar as aeronaves que eles conseguem "ver" através de seus radares ou rádios seguindo uma linha reta até a aeronave. Para isso os países possuem os mais diferentes tipos possíveis de equipamentos e povoam seu território com esses equipamentos. Quanto maior a quantidade, melhor o controle de seu espaço (Auxílios Convencionais - NDB, VOR e DME; Sistemas RNAV - Ômega, Loran e INS). É um controle local (dentro do país) que segue diretrizes internacionais. É um sistema eficiente, mas que está chegando ao seu limite em vista do crescimento desproporcional da aviação internacional. O novo modelo de controle do espaço aéreo que está para entrar em vigor chama-se SISTEMA CNS/ATM (Communication Navigation Surveillance/Air Traffic Management: Comunicação Navegação Vigilância/Gerenciamento de Tráfego Aéreo) e basea-se no controle de posicionamento da aeronave através de um sistema chamado GNSS (Global Navigation Satelite System) onde o posicionamento instantâneo de uma aeronava é dada por um conjunto de satélites em órtitas e cujo controle de aeronaves limita ao mínimo a intervenção do controlador de tráfego aéreo. O sistema todo procura ser automatizado e computadorizado: autorizações, mudança de nivel, aproximação, tudo feito sem contato humano. Parece ser um sistema muito eficiente e supre algumas carências impostas pelo sistema atual, tal como a falta de controle sobre o mar, a carência de controle em grandes regiões, como o deserto ou a Amazônia, e a carência sobre países com pouco controle sobre seu espaço aéreo. O minimo para formar a "constelação" de satélites é de 4 satélites. Nos EUA há 4 satélites em cada uma das 6 órbitas, perfazendo 24 satélites que cobrem todo o planeta e mais alguns reservas. A Russia tem números parecidos e a China tem apenas 4 por enquanto, que cobrem apenas o seu território. O Brasil, através do CTA (Centro Técnico Aeroespacial) quer colocar um satélite até 2010 (prazo da OACI para implantação do sistema) mas com certeza terá que alugar o serviço de alguém ou então participar do projeto Galileo da União Européia, o que já está acontencendo. No atlântico já temos uma rota de vôo que funciona usando esse tipo de controle e no Brasil existe uma rota em teste na área de controle de Recife. Como temos um controle automático do vôo é até possivel fazer programas computacionais para melhor o tráfego em rotas congestionadas, como é o caso do algorítimo genético, que calcula automaticamente pequenos ajustes nos horários de partida e chegada e na duração dos vôos, considerando um cenário aeronáutico mais amplo,podendo reduzir a sobrecarga de trabalho em até 20%, além de diminuir o congestionamento no espaço aéreo e os atrasos das viagens. Outra abordagem seria o controle da aeronave em rota seguindo parâmetros da aeronave que vai a frente, resultando na diminuição considerável da possibilidade de riscos de colisão. Tudo muito incrível, realistico e já em fase de implementação para os próximos anos.

Até aí tudo bem.

O grande problema desse sistema é a soberania de cada país. Ora, pelo que sabemos, somente a Europa (Galileo), os Estados Unidos (GPS), a Rússia (Glonass) e a China (Beidou) possuem um sistema de posicionamento global por satélite. E todos eles querem empurrar o seu sistema para o mundo. A Russia, por exemplo, já noticiou (jan2007) que todas as restrições de precisão e acurácia do sistema Glonass foram abolidas. Assim, os usuários poderão aproveitar integralmente os recursos de posicionamento global do sistema. "Isto permite a popularização de mapas topográficos e de navegação, além do uso de equipamentos de posicionamento por satélites com base legal". Até 2009 o sistema deverá estar operando a nivel global, mas continuando ainda a ser um sistema de base militar. O Galileu tem uma previsão de funcionamento global até 2008, com um controle administrativo exclusivamente civil. O GPS (Global positioning system) é o mais conhecido, já funcional, mas com mais falhas que o projeto do Galileo. É um sistema criado e mantido pelo sistema de defesa estadunidense e já foi oferecido ao mundo gratuitamente, mas com o acordo de aviso previo de 6 anos. Mas...com todo mundo sabe....aquele país vive declarando guerra aos seus inúmeros inimigos, quer seja combatendo o comunismo, como já o foi, ou caçando terroristas, como hoje o é.
Estrategicamente é fácil perceber por que todos querem empurrar seu sistema, não é? O controle da aviação do mundo por um único país é motivo de muita cobiça, haja vista a suspensão unilateral desse sistema pelos EU na Jugoslávia e no Iraque. E Outro ponto a considerar também é a eficiência desse sistema: o erro alcançado gira em torno de 2 metros para o Galileo e de 300m para o GPS, isso é, quando introduzido um erro voluntário no sistema, por questões estratágicas e exemplo disso temo que os EU pediram para Europa que diminua a precisão do sistema sobre o seu país aos serviços prestados para outros países. Percebe que ainda existe um interesse estratégico e militar nos sistema de navegação por satélite. Quando os países começarem a adotar esse novo sistema, e eles vão, podemos ter certeza disso, todos os países do mundo começarão diminuir o investimento nos equipamentos de linha de visada, sim, por que não irá se gastar dinheiro em dois sistemas, sendo um em desuso. ou seja, deixarão de investir em equipamentos que lhes garantiriam sua soberania, pelo menos a soberania aérea, ou quando vista mais profundamente, o poder aeroespacial de uma nação. A europa, com todas as discussões, já está adotando esse sistema. O Brasil, está fazendo a lição de casa e está criando mecanismos para se adaptar.

As fronteiras individuais se abrem cada vez mais pois as necessidades individuais, diga-se aqui, nacionais, estão cada vez mais globalizadas. Recursos financeiros, materias e humanos precisam cada vez mais rápido e em maiores quantidades entrar e sair dos países. Os limites são sistematicamente vencidos, com desculpas sanitárias, ecológicas ou outra qualquer. Há uma estratégia por trás de todos esses avanços que nos escapam num primeiro momento, mas que não conseguimos vencer. As coisas são o que são e o destino segue seu caminho. Cabe-nos apenas tentar entender o jogo.

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