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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Malleus Maleficarum.

O Homem é diferente da Mulher?

Provavelmente todos saberão apontar muitas diferenças. Homens são isso, mulheres são aquilo; homem é mais... , já mulher... nem tanto; homem foi concebido para ... e mulher para ... . É verdade. Tudo são verdades. Mas então por que parece existir um gigantesco muro entre os sexos? Por que as diferenças sociais são verdadeiros abismos e por que a mulher pensa diferente do homem?

Rose Marie Muraro é uma escritora que nos anos 70 teve uma participação notável no movimento feminista e aos 66 anos de idade viu seu rosto pela primeira vez, após uma cirurgia para recuperar a visão residual de cinco por cento em apenas um dos olhos. Seus livros, frutos de uma grande sensibilidade, refletem valores sociais e valores feministas. Rose é responsável por uma “Breve Introdução Histórica”, que é a abertura, em português, do livro “O martelo das Feiticeiras”. Nessa introdução ela aborda, com muita sabedoria, uma evolução social sistemática da humanidade focando as transformações ocorridas no universo feminino desde épocas remotas.
É notável perceber, segundo Rose, que a mulher sempre ocupou um lugar central em nossa civilização, devido a sua condição de poder dar a vida. Sempre ligada à emoção, à sexualidade e à fertilidade ela sempre foi considerada “sagrada”.
Nas sociedades muito antigas, onde predominava à caça a pequenos animais, ela era figura central predominante até hoje em algumas tribos. Mas, com o passar dos tempos, houve uma evolução das sociedades e o ser humano passou para a caça aos grandes animais, onde o imperativo era a força. A sociedade então passou por profundas e gradativas mudanças onde o homem foi se posicionando superiormente em relação a mulher. Vieram os grandes impérios, e seus grandes líderes.
Com a chegada do Cristianismo a mulher é reconhecida na posição de mulher-mãe e não então a mulher-fêmea, que tem emoções e que pensa. Muitos acontecimentos vão então diminuindo o status de mulher com sendo um ser sagrado e essa situação atinge o auge na idade média, com o aparecer da inquisição. Nesse período, muitas mulheres são caçadas, usurpadas em seus direitos e seus bens materiais, com verdadeira revolta e ódio.






Malleus Maleficarum passa a ser a bíblia, não reconhecida oficialmente pela igreja católica, dos inquisidores. Este livro, escrito em 1484 por dois inquisidores, Kramer e Sprenger, contém instruções de como reconhecer bruxas e como enquadrá-las legalmente, num ritual quase macabro, que culminaria inegavelmente em suas mortes. Foi um período triste de nossa história, onde muitas mulheres foram caçadas, torturadas e sentenciadas à morte, pelo simples fato de serem mulheres. Elas foram legadas a um segundo plano na nossa sociedade, sem a grandeza, sem a pureza e sem a sacralidade que sempre fora detentora – sem “brilho”. E sob esse manto, com essa nova mulher, vem a surgir o renascimento, a era humanista e social, o período de industrialização e a atual era democrática.
Recentemente, com a liberação sexual, a mulher retoma o controle de seu corpo, com toda a fragilidade imposta pela idade média. Mas encontra um mundo dominado por homens, com tecnologias, conquistas, guerras. Qual papel reserva o mundo para essa nova mulher? Continuará sendo dominada pelo homem como um objeto? Assumirá um lugar na sociedade masculina competindo por direitos e se curvando a regras masculinas? Ou se voltará para sua condição natural de equilíbrio com o mundo: um ser capaz de dar a luz.
Não sei, somente o tempo dirá...

Boa sorte nova mulher e nos desculpe pelos transtornos da idade média.

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